10.31.2009

recado

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tesão, atração, paixão, sexo, amor, loucura, desejo, seja lá o que for. é.
'i want you so bad'






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a menina dança

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acordei hoje um acorde perfeito, maior ou menor, não sei, não entendo de música, noutras palavras, meu coração acordou dançando pra não ver o dia passar com toda a sua solidão. então vim aqui soar as silabas dessa minha dança solitária. alguém me concede uma dança?






- no mp4. Look at me ininterruptamente.

10.30.2009

amor de rugas e chicobuarquices

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outro dia, numa festa na casa de um amigo, tive a felicidade de conhecer um 'jovem casal' . ele tinha 81 anos, ela 79. os observando revi minhas convicções acerca do amor. melhor dizendo, amor na terceira idade. eles me disseram que já haviam pagado seus tributos, criaram filhos 11 filhos, e 20 e poucos netos. e agora eles estavam se presenteando com a vida - sim, com a vida. contaram histórias felizes e tristes, e citaram chico buarque várias vezes na conversa, o que me deixou deveras encantada. enquanto eles falavam, eu ficava lá, parada, ouvindo, e imaginando como será amar alguém por mais de cinquenta anos. cinquenta anos de compreensão, dedicação, sensatez. pensei em quantas vezes em todas essas décadas, eles não tiveram vontade de um deixar o outro. talvez não, talvez sim. o que sei é que eles não tinham vergonha dos nossos olhares tolos e imaturos. eles se abraçavam e se beijavam como adolescentes, ou melhor, envelhecentes, ah, era muito lindo de ser ver. eles é que sorriam de nós, por ver no que transformamos o amor - em algo banal, que nasce, cresce e morre, mesmo antes de amadurecer. nós cometemos o crime de barganhar os nossos próprios sentimentos. vendemos nossa alma ao diabo por um pouco de satisfação ao ego, e curamos nossas almas desesperadas por amor, com sexo, e envolvimentos baratos. é triste.


e depois de longas horas de sabedoria compartilhada, eles me deram um conselho:
'primeiro as pedras grandes, depois as pequenas'
e pra bom entendedor, meias palavras bastam.




e num rompante pueril, levantaram, e foram dançar ao som de Carlos Gardel, com o charme, que só os mais antigos tem. e eu? eu fiquei sonhando acordada com meu amor de rugas.





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10.29.2009

encontros e desencontros II

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era oito da manhã quando ele acordou. olhou pro lado, e não a viu. levantou-se, e só percebeu silêncio, e dela só havia o cheiro. viu de longe um papel, e no mesmo instante que viu que era um bilhete seu coração disparou. pegou a fotografia e o bilhete escrito em linhas tortas, suas mãos tremiam, sentou-se, e começou a ler. seus olhos não piscavam e ardiam. sentiu um nó na garganta, achava aquilo tudo um absurdo. ele tentava acreditar que era apenas uma piada, e que ela tinha ido apenas comprar café, ou cigarros, ou algo assim. mas a cada palavra que ele lia, ele sentia o nó se desatando em lágrimas. acendeu um cigarro, e confuso, leu novamente o bilhete, deixou cair no chão a fotografia, sentiu um gosto salgado na boca, era um gosto de lágrima que ainda não desceu. caminhou até a varanda, e viu que ela havia deixado a fivela em formato de cereja, que deixou cair do cabelo, enquanto faziam amor. ele ficou um tempo sentado na cadeira preguiçosa da varanda, absorto, segurando numa mão a fivela, e noutra mão um cigarro.

foram muitos cigarros, e muitos cafés aquela manhã, tanto que seu estômago doía. nunca tinha se sentido assim, vazio, incompleto, confuso, sem saber o que fazer. não sabia onde procurá-la, em que lugar ir, não podia recorrer a lista telefônica, afinal, a conheceu no meio da rua, onde ele a encontraria? ele tinha tanta coisa a dizer, tantos planos e tantos beijos guardados pra ela. se culpou por não ter acordado antes, se chamou de estúpido, e caminhava freneticamente de um lado pro outro. chegou a pensar no clichê 'o tempo cura tudo', mas ele não queria ser curado, ele não queria esquecê-la, ele queria uma possibilidade, um meio de encontrá-la. daria qualquer coisa pra ver de novos as maçãs rosadas do rosto dela. faria qualquer coisa pra ouvir de novo a voz rouca dela chamando 'baby' que o fez se apaixonar quase que instantaneamente. enquanto ele pensava numa maneira, ele revivia na cabeça todas as cenas que eles passaram juntos, e quase pôde sentir o cheiro dela. não sabia se chorava ou se sorria, mas prometeu a si mesmo que alguma coisa faria pra encontrá-la novamente. passaram-se dias, semanas, e ele sempre andava pelos mesmos lugares na esperança de reencontrá-la. por vezes, ele sentia a sensação de que ela estava por perto, mas sempre voltava pra casa mais solitário e vazio. ele acordava e olhava pro sol, e se perguntava porque o sol ainda brilhava pra ele, se ele tinha perdido no dia que encontrou seu novo motivo pra sorrir. ele comia maçãs pra sentir o gosto doce dos beijos da  sua menina que foi embora. ele nunca havia comido tantas maçãs na vida! cravava seus dentes nas maçãs vermelhas, e ouvia o som da risada dela.  parecia um bobo, um idiota. um certo dia, caminhando numa dessas avenidas movimentadas ele achou que tivesse a visto, talvez fosse ela, ele não sabia, ele correu, acenou com a mão, mas a perdeu de vista. ele chegou a sorrir de si mesmo, por não saber o que acontecia dentro dele pra agir assim, como um louco, ele mal a conhecia! ficou pensando nessa maluquice toda voltando pra casa, então passou na frente de um buteco e sentiu vontade de beber e maldizer a droga do amor, entrou no bar e sentou-se no balcão, pediu uma cerveja, e tomou num folêgo só, pediu outra, e acendeu um cigarro, pensou em como os românticos são escravos de suas paixões, e sentiu vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços com todos, mas o que ele queria mesmo, era gritar o nome dela bem alto, de modo que ela escutasse, mas como? se ele não sabia o nome dela? ele se sentia uma metade perdida, e não conseguia explicar a si mesmo como a memória de apenas um dia perfeito, poderia machucar tanto um coração que já estava cansado de amar errado. pediu mais uma cerveja, e mais outra, e mais outra. ele se sentia exausto de construir e demolir fantasias. ele tentava enfiar na cabeça que era natural as pessoas se encontrarem e se perderem, e enquanto mais tentava, mais queria encontrá-la. já estava bêbado, e foi cambaleando pra casa. mal entrou porta adentro já foi logo se jogando na cama, sem entender mais nada de suas emoções. dormiu. quando acordou, com fortes dores de cabeça, num extremo momento de lucidez, decidiu que seria o último dia que a procuraria por todas aquelas ruas cinzentas em que ele a procurava quase todos os dias. vestiu a mesma roupa que estava quando a conheceu, e saiu com o coração em brasa, levando no bolso a fotografia que ela havia deixado, um maço de cigarros, e sua última esperança. pela milésima vez, sentou no mesmo café e na mesma mesa em que ela tirou a primeira fotografia deles, tudo na expectativa de vê-la entrando pela porta, com suas duas lindas maçãs no rosto e um sorriso que iluminava qualquer canto triste. esperou, esperou, tomou um café, dois cafés, e já doía por dentro aquela despedida solitária. o sol já estava indo embora, quando ele pediu um papel e uma caneta a garçonete. e na vã esperança dos que amam sem entender porque, escreveu:



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' nunca entendi porque você foi embora daquela maneira. todos os dias até hoje te procurei. um dia achei ter te visto, mas me senti ridiculo tentando chamar um nome que não sabia. a verdade é que não sei mais de mim sem ti. é que tudo de ti ficou em mim. eu amei aquela manchinha que você tem entre um seio e outro, e amei também seu jeito desajeitado de fazer um rabo-de-cavalo que ficava torto. amei sua paixão pela primavera e seu jeito humano e engraçado de falar da vida. amei seus suspiros e seus gemidos. amei o muito ou pouco que conheci de ti. você acha que não, mas eu teria amado você e seus defeitos. porque você não é perfeita, e eu te amaria em todas as suas imperfeições. até no seu pior dia. sim, eu te amaria. não sei como cheguei até aqui, e talvez você nem pense mais em mim, mas até o dia de hoje, eu te desejei. e se um dia você chegar a ler esse bilhete, saiba que mesmo sem querer e sem saber, você foi amada, e se não for tarde, e não tiver passado muito tempo, me procura, e a gente recomeça de onde parou.


um beijo na maçã direita do seu rosto, Dylan.'
-


então chamou a garçonete, e pediu-lhe um imenso favor. mostrou a foto dos dois, e insistiu que ela ficasse com o bilhete a fotografia, e pediu que ela entregasse, caso ela aparecesse. pra surpresa dele, a garçonete a reconheceu, e disse-lhe que ela de vez em quando aparecia por lá, e ficava horas e horas, como se esperasse alguém, e na última vez ela havia esquecido uma chave, e provavelmente ela voltaria pra buscar, só não sabia quando. ele sorriu, como há tempos não sorria. e saiu do café, sentindo-se livre do peso de toda a incerteza que ele carregava no peito.






Por entre flores e estrelas
Voce usa uma delas
Como um brinco pendurado na orelha(...)
Belezas são coisas acesas por dentro
Tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento
Lágrimas negras saem, caem, dói
Lágrimas negras saem, caem, dói
Otto










[continua...]





10.28.2009

encontros e desencontros

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ela caminhava pelas ruas usando um vestido de algodão, que o vento teimava em levantar. caminhava a bordo de
seu largo sorriso, fotografando tudo e todos que encantavam seu olhar. fotografou de longe o casal de velhinhos sentados num café de esquina ao ar livre. fotografou um taxista de visual chic que abria a porta pra moça bonita entrar. se encantou com um grupo de amigos que tomava sorvete e sorria. fotografou o vento, o céu, o chão. ela tinha paixão pelas imagens, pelos momentos que ficavam guardados, e pelas lembranças que as fotografias traziam. e enquanto ela tentava enquadrar um desses momentos ele surge do nada, e ela se atrapalha toda, coitada. ele nem era tão belo, não era nem alto nem baixo, tinha cabelos cacheados e escuros, tinha uns olhos castanhos amendoados, vestia uma camiseta do Bob Dylan, jeans, tenis, e fumava um cigarro forte. mas mesmo sendo assim tão simples, ele desencandeou nela uma mistura de calor, frio, palpitação, tremor, arrepio, e quase a fez desmaiar. ela o fotografou de longe, e ele viu e sorriu, ela ficou subitamente ruborizada, mas sorriu de volta. ele se aproximou, e ela com seus gestos espontâneos agiu feito criança. ele se encantou com seus sorrisos constantes e sentiu vontade de comer as maçãs do rosto dela, de tão rosadas que ficavam. eles caminharam juntos, e conversaram sobre a vida. combinaram de não falar seus nomes. ele a chamaria de maçã e ela o chamaria de dylan, por causa da camiseta. tomaram café e falaram sobre música. ela contou das suas manias de colecionar discos, e ele contou que adorava gibis de super-heróis. eles sorriram de tanta bobagem. ela fotografou cada risada e cada gesto. contou a ele que gostava de sorvete de flocos com batata frita, e ele achou estranho, mas também achou encantador uma garota assumir todas as suas fragilidades assim, sem medo. falaram de suas comidas preferidas e até de temperos, e os dois amavam manjericão, vejam só que tolice. conversaram sobre solidão e tomaram mais café. ele acendeu dois cigarros - uma pra ele outro pra ela - sentaram num banco de praça e fumaram. já era noite, e eles nem viram o tempo passar. ele, com aquele ar de bom moço com um 'quê' de mistério, a convidou pra ir a casa dele. ela até quis dizer não, mas seu corpo e seu coração só diziam sim, e ela foi. quando chegaram, ele a levou pra varanda, e como que num impulso eles se olharam e se beijaram por quase 2 minutos. depois se olharam e sentiram seus corpos esquentarem, e ali mesmo, entre almofadas, e flores, fizeram amor devagar e com extrema ternura. o cenário era perfeito, e ele quase perfeito. no depois, ele a beijou, e levantou-se, depois de uns poucos minutos voltou com suco de morango e alguns gibis, deitou-se ao lado dela e os dois leram e sorriram juntos. falaram de filmes interessantes e personagens emocionantes. ele fez planos, e disse que a queria assim, todos os dias. se descobriam cada vez mais um no outro a cada segundo. e tudo que parecia mero acaso, se tornava cada vez mais um obra dos anjos. ele cantou desafinado uma canção de chico, enquanto ela fazia travessuras com as mãos pelo corpo dele.  de repente uma chuva passageira começou e interrompeu aquele cenário quase-filme. levantaram-se depressa e ele a levou pro quarto. e numa brincadeira de amantes, se beijaram com exigência e força, bem diferente dos primeiros beijos. ele murmurou doces obcenidades e ela entrou no jogo, e desta vez treparam. no depois, ficaram alguns minutos exaustos na cama, imóveis, satisfeitos. então se abraçaram e ele disse num sussurro 'engraçado, sinto-me tão inteiro'. e ela pensou consigo mesma 'eu vou sentir sua falta'. então dormiram. logo cedinho, ela acordou antes dele, foi até a sala, rasgou uma página de uma agenda velha e escreveu um bilhete, que mais parecia uma carta:


'Dylan,

confesso que esse foi o melhor dia da minha vida, foi como se tivesse sido um sonho, e eu o vivi. eu não sei se encontrarei outra pessoa no mundo com um cheiro como o teu. nem parecido, eu sei disso. você é único. e pra ser franca, isso tudo me assusta. é, eu tenho medo. eu não quero te perder, então te deixo antes que você me conheça de verdade. não quero se canse de mim. não quero sentir ciúmes de você, porque eu me conheço, eu sentiria muito. e você me veria como eu sou. ciumenta e insegura. um tanto indecisa e cheia de medos. quando julgo estar certa sou arrogante, falo demais e brigo. e não quero que algo tão bom assim, se transforme na rotina do dia-a-dia. foi o acaso me levou a você, e por mero descaso eu fujo dele. teu nome ainda é secreto, o que foi melhor pra mim, pois só assim não vou te procurar e querer morrer por não te encontrar. você foi a brincadeira mais séria que me aconteceu, e nunca vou esquecer que seus olhos quase fecham quando você sorri, e nas suas buchechas formam as covinhas m
ais lindas que eu já vi. vou guardar sempre a lembrança de cada minuto que passamos juntos, e que o tempo fez passar devagar conspirando ao nosso favor. ah, o teu suco de morango foi o melhor que já tomei, e desculpa ter derramado ele em você, são esses desastres que com o tempo iam acabar te irritando, e minha mania deixar coisas espalhadas pela casa também. é que tenho muitos defeitos, e no começo sei que você ia amar, mas depois seriam detalhes irritantes, eu sei disso, é sempre assim. e por isso quero que sejamos esse dia perfeito, pra sempre. quero que guarde na sua memória todas as imagens do nosso melhor e único dia. sei que posso estar sendo egoísta, mas quero te pedir um favor: você poderia me guardar como sua melhor saudade? é só isso que quero ser pra você, porque é isso que você sempre será pra mim, a saudade que eu sempre vou gostar de ter...


...vou carregar você comigo,  vou carregar no meu coração'




e em passos leves, ela foi até o quarto, o olhou com com saudade antecipada, colocou no criado mudo da cama o bilhete junto com uma foto deles dois, e foi embora...e ele continuou dormindo, talvez sonhando com o café que ia fazer pra dois...


[continua...]






'tenho do medo do medo que dá
medo de perder a rédea
medo de ficar de sem rumo
o medo é uma casa onde ninguém vai
o medo é um laço que se aperta em nós'

10.27.2009

one more cup of coffee

One more cup of coffee for the road.
One more cup of coffee for I go
Bob Dylan







ela acordou de um sonho, literalmente. sonhou que era groupie de alguma banda de rock , algo assim. ela não lembrou bem do sonho, mas ele a fez pensar na vida. ela não gosta de reclamar, ela gosta do que faz, tem amigos suficientes pra lhe fazerem feliz, tem um gato chamado Dylan, mora sozinha num apartamento com paredes cheias de pseudo-quadros de filmes que ela ama, tem um carro que vive dando o prego, mas ela não consegue se desfazer dele, porque foi seu avô que deu, e tem um valor sentimental gigante. ela tem a discografia em vinil da madonna, do led, dos beatles e foi a show da diva com seus amigos gays lindos que a acham linda, e a fazem sentir a mulher mais incrivel do mundo, ainda que ela não seja. e de pouco em pouco, ela tem muitas razões pra acordar e sorrir pro sol.

honestamente, só lhe falta mesmo na vida um amor de cinema, meio blues, com aquele charme meio chico-buarque, alguns quilos a menos, e uma máquina de café expresso, e money, very money.

quando ela acordou do sonho, ela tomou seu café coado, pensando no quanto ela sempre foi sonhadora. lembrou que quando menina achava que o céu era perto. é que ela sempre colecionou amores platônicos por rockstar's. o primeiro poster na porta do seu guarda-roupa foi o do seu maior amor de todos: Lennon. ela colecionava tudo dos reis do iê-iê-iê, mas aí ela ficou dividida entre John e Paul, e resolveu continuar apenas como fã dos Beatles, nunca iria dar certo mesmo. então veio o amor súbito por Robert Plant, e era com ele que ela queria passar o resto dos seus dias. mas ela só tinha 15 anos, e muitos amores vieram depois dele. logo depois ela se apaixonou pelo Mike Patton, e imaginava cenas tórridas de amor com ele, até que um dia ela o esqueceu, pois se apaixonou por um garoto de verdade. ela passou da fase de se vestir como uma hippie do séc.21, e parou de sonhar com os rockstar's. a vida real chegou, e ela se tornou uma viciada em café, sexo, cigarros, e se tornou cybercompulsiva, daquelas que não vive sem um computador. não sai de casa sem sua máquina fotográfica e nem sem o mp4, porque mesmo sabendo que nunca teve chances com o Plant, nem com o Mike Patton, e nem com o
John, ela os escuta todos os dias, imaginando que pelo menos uma das canções poderia ser pra ela. ah, ela ainda sonha né? lá no fundo, ela ainda acha que nasceu na época errada. ela[parafraseando uma canção de zeca baleiro]costuma dizer que ela é do tempo em que as atrizes tinham alma, do tempo em que jornal de domingo se lia no domingo, do tempo em que até os canalhas choravam, do tempo que os homens mandavam flores e abriam a porta do carro, do tempo que os bandidos eram gangsters elegantes, e ladrões eram charmosos, do tempo que love love love era uma mensagem de amor dos Beatles, e que groupies eram garotas blues, apaixonadas por rock. e depois de grande, ela fez uma grande amiga, que também sonhava com rockstar's, e ela ficou feliz por saber que não era a única.




e é assim que ela lembra de si mesma.


- Ei, doutor, o que há de errado
Em gostar de escutar os meus discos dos beatles?!?
Não vejo nenhum problema nisso.
- Bem, garota, não é um mistério,
Seu distúrbio é um caso sério e esquisito.
Receito tratamento imediato.
Na,na,na,na,na,na,na,na...
Faichecleres








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10.26.2009

give me love

'My love
Please take hold of my hand
That I might understand you'
George Harrison.




 


ele prometia amor a ela sem hesitar. prometia as estrelas, o céu, o mar, o sol, os anéis de saturno, e as mais lindas canções de George Harrison, enquanto ela sorria por dentro de tantos perjúrios. não que ela não o amasse, mas já haviam lhe prometido tantas vezes todo o amor do mundo, e no entanto machucaram seu coração com cuturnos de arame, que ela já não idealizava mais, e mentiras sinceras ela ouvia e fingia que acreditava. ela se fechava tanto que mal conseguia retribuir o que ele dizia com as mesmas belas palavras, imagine dizer 'eu também te amo'. ele dizia: 'você não vai acreditar mas eu amo apenas você' e ela respondia 'eu não quero seu amor emprestado'. ele elaborava façanhas e tentava provar que seu amor não era fajuto desde o momento em que acordavam até o derradeiro intante em que ela adormecia. ele combinava beijos com palavras, e mesmo enquanto ela dormia ele a beijava, e sempre tomava cuidado pra que ela nunca se queixasse de sua rudeza. algumas vezes ele a tomava bruscamente, puxando-a pelo quadril, de modo que ela ficasse presa ao corpo dele, e a beijava com ardor, e ela gostava disso. gostava tanto que mal sentia forças nas pernas. ele sabia agrada-la. só não sabia como fazer pra que ela se sentisse segura, pra que ela soubesse que ele não era como os outros. ela estava arisca, e não queria mais cair cegamente nos braços de alguém que por ventura, a fizesse sofrer mais na frente. porém, ela esquecia que o amor era um bem frágil, e que ele uma hora se cansaria de não ter de volta o sentimento sincero que oferecia. ela mal sabia, que ele havia prometido a si mesmo que se ela não se desarmasse, ele a deixaria com seus medos, e iria embora. e o tempo foi passando, até que um dia ele decidiu que se ela não o amasse plenamente assim como ele a amava, ele não queria mais. deu a ela um dia inteiro pra rever seu comportamento diante de todo o amor que lhe era oferecido.

passado o dia, ele foi ao encontro dela com o coração permeado de angústia, e pra sua supresa a encontrou sentada no chão da sala, despenteada, com o rosto molhado de lágrimas. e com os olhos que mais pareciam um mar cheios de ondas, ela o encarou, e com a voz meio rouca, apenas disse 'me abraça, por favor, eu só quero que me abrace'.

ele não entendeu e nem fez perguntas, apenas fez o que ela pediu, porque
apesar de tudo a amava incondicionalmente, e ele sabia que mais tarde ela ia ter certeza disso. ele a abraçou e a levou pra cama nos braços. ele nem percebeu, mas foi ali que ela teve certeza que ele era o cara certo, e nessa mesma noite, o cobriu de beijos, e deu a ele, todo o amor que ele sempre mereceu e ela teve medo de demonstrar. a verdade é que ela sempre o amou, o que ela tinha era medo de sofrer, e se entregar por completo...e mais uma vez cair num desses jogos levianos de amor.





Give me love
Give me light
Give me life

10.25.2009

lacofriend




resumindo tudo.










não deveria ser difícil falar de um amigo, mas é. por isso foi difícil falar de você, e pra você. porquê você é singular demais, e me perco em palavras tentando falar de ti, de nós, e da nossa amizade. dos teus defeitos eu sei, e dos teus sonhos mais ainda, porque somos mais que modestamente parecidos, somos quase o espelho um do outro. quero ressalvar que amizade pra mim é mais que estar perto, amizade é quando há carinho, amor, respeito mútuo, admiração, e uma aparente solidez, e isso nós temos de sobra. sei que não somos exatamente iguais, e o que nos torna bons amigos, é que temos aquele raro ponto médio entre semelhança e diferença. às vezes você me incomoda, e eu até me irrito com sua mania de ter manias e com esse seu egocentrismo, e várias vezes te julguei covarde, mas graças a minha facilidade de entender e superar seus sumiços fajutos, é que estamos caminhando pra uma amizade duradoura. você surgiu na minha vida como um golpe do acaso, e desde então você vive no meu mundo, me fazendo trabalhar uma virtude que eu pouco tenho: compreensão e aceitação. paradoxalmente, até hoje nem a distância e nem o tempo conseguiu nos afastar. a cada descoberta de novas afinidades, nós reavivamos a certeza de uma longa amizade, afinal somos mais que convivência física, somos conectados por mistura de emoção, gostos em comum, senso de humor, honestidade, e tudo isso permeado de muito carinho. amo você, porque você apesar de todas as sandices que me diz, tem a cabeça no lugar. amo você porquê você tem alma, porque você ri, chora, se emociona com um filme, com uma canção, e não tem vergonha de mostrar isso a mim. amo a bondade que você tem no coração, e a ternura com que enxerga as coisas. e mais ainda porque você tem o coração desarmado, sem ódio e sem preconceitos baratos, até porque se tivesse não seria meu amigo, porque pra me aguentar com minhas insanidades, só sendo assim, como você. infelizmente a roda furiosa da vida, não me permite agora ter você ao meu lado, mas não me entristece a distância, quando me vem a certeza de que quando você voltar, vamos nos [re]encontrar - pois sim, será um encontro de corpos, e mais que isso, um reencontro de almas - e enfim, poderemos selar de vez essa ansiosa amizade. vamos conversar, ver um filme do tarantino, tomar um chopp, falar da vida alheia, sonhar com nosso primeiro milhão, rir como crianças, recordar conversas antigas, ouvir um bom rock and roll, e finalmente, dar vários abraços do jeito que tanto sonhamos.







'And love is not the easy thing
Is the only baggage that you can bring'
U2.




cumplicidade

Now you're here beside me, baby,
You're a living dream.
And every time you get this close
It makes me want to scream.
You touched me and you knew
That I was warm for you and then,
I ain't never gonna be the same again.
Never Gonna be the Same again
- Bob Dylan


tomaram um vinho, e ouviram Bod Dylan, a fim de preparar seus corações para os ardores de um amor que renascia. depois de muitas taças, nasceram os risos. o desejo, bem como o tesão, respingou em seus corpos como gotas de vinho. suas almas se abriram e seus corações dilataram. todas as imperfeições foram dissimuladas pela paixão. murmuraram baixinho e suspiraram docemente. talvez tenha sido o momento mais propício pra dizer que se amavam, mas não o fizeram. apenas se olharam, e com palavras ocultas, confessaram seu amor com olhos ébrios de vinho. seus suspiros e suas expressões denunciaram o amor que sentiam.

às vezes um rosto mudo, um sorriso aberto e a doçura de um olhar, tem mais voz, que simplórias palavras.




10.24.2009

amizade além do arame farpado













a gente não faz amigos, reconhece-os.


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há meses, comprei o livro 'o menino do pijama listrado' - pra quem não conhece, o livro fala amizade entre Bruno, um garoto de 9 anos e um menino judeu da mesma idade, durante a Segunda Guerra Mundial. Bruno é filho de um oficial que é ordenando por Hitler em pessoa pra trabalhar no campo de concetração. Ignorando as insistentes recomendações da mãe de não explorar o jardim dos fundos, Bruno segue para a fazenda[leia campo de concentração] que ele viu a certa distância. Lá ele encontra Shmuel, um menino da sua idade que vive uma existência paralela e diferente do outro lado da cerca de arame farpado - ouvi uma série de comentários sobre ele - bons e ruins - e por conta disso, fui adiando a leitura do livro, especialmente quando o filme foi lançado, pois não sabia se lia, ou se via o filme. outros sensíveis como eu diziam: prepare-se psicologicamente pra ver o filme. isso foi me aterrorizando, e mesmo com muita vontade de ver o filme, quis ler primeiro o livro, então me reservei um tempo, e começei a ler. dizer que valeu a pena? seria pouco, muito pouco. hoje, enfim, vi o filme. quem leu o livro e viu o filme, percebe a notável diferença entre um e outro, a começar pela qualidade. mas ainda assim, me senti encorajada e preparada emocionalmente pra ver o filme e chorar, pois lendo chorei litros. o livro, assim como o filme, vem disfarçado de fábula infantil sobre inocência e amizade, e se aproveita de todos os clichês possíveis com extrema sensibilidade. alguns consideram ruim, o excesso de clichês, mas quem sou eu pra julgar?! um filme não precisa ser complicado pra ser bom. o tema do filme já foi explorado de cabo a rabo e narrado pelos mais diversos pontos de vista, e o que difere 'o menino do pijama listrado' dos outros filmes é que ele retrata todo o horror do holocausto pelos olhos de duas crianças. a ingenuidade do filme se opõe a toda crueldade do nazismo, e é isso que torna o filme belissimo. por mais que seja de emocionar a amizade sincera entre duas crianças, que mal sabem a realidade que estão vivendo, o autor não consegue suavizar as atrocidades cometidas pelos nazistas. mas ao menos ele consegue mostrar que amizade rompe barreiras, e independe de credo, cor, e religião. ainda que seja uma amizade utópica - a dos meninos Bruno e Shmuel, personagens do livro - a história em si serve pra refletir sobre a nobreza de uma amizade em tempos de guerra, mesmo que seja entre duas crianças inocentes. eu sei que é uma fábula, mas com certeza a inocência dos dois meninos diante dos horrores da guerra, faz qualquer pessoa com o minimo de humanidade e sensibilidade chorar, especialmente no desfecho, que além de chocante, é de partir o coração.




eu indico.

10.23.2009

vinte e cinco primaveras


e que hoje eu receba mais de vinte e cinco abraços e tenha vinte e cinco mil motivos pra sorrir.





que seja um dia feliz, e sem mais delongas, que seja doce.






10.21.2009

here comes the sun

Little darling
The smiles returning to the faces
Little darling
It seems like years since it's been here
Here comes the sun
And I say
It's all right




acordaram cedo e brincaram na cama feito crianças. enquanto ela carimbava seu amor com a boca, numa sequência de mini-beijos, ele delineava cada contorno do corpo dela com os dedos. entre um beijo e outro ele disse baixinho 'eu amo acordar com você sua preguiçosa' e ela, fazendo cara de dengo disse 'então vamos fazer amor e depois dormir mais' , ele sorriu, afastou com delicadeza os cabelos que caiam no olhos dela, e completou 'vamos fingir que não existe mundo lá fora, só por hoje', e se enrolaram nos lençóis sujos de paixão e se amaram silenciosamente. tudo se moveu com tanta harmonia que eles podiam ouvir as batidas do coração marcando o ritmo da dança. no depois, não dormiram. apenas se olharam com olhos ternamente doces. ele a beijou na testa, levantou-se, abriu as cortinas, e ao invés do céu azul com nuvens brancas, eles viram anjos tingindo as nuvens com sete cores, e uma chuva de jujubas vermelhas caindo do céu. logo em seguida ela levantou, caminhou até ele, o abraçou por trás, e observaram juntos o céu, foi naquele momento tiveram certeza que nada mais era metade. e que tudo em volta se tornara poesia e canção.







e com leveza, eles sorriram, porque no jardim, até as formigas estavam felizes. ele pegou o violão e tocou, ela cantou, e eles dançaram fazendo de conta que o mundo era só eles dentro daquele quarto que só cheirava a amor.






'Você passa, eu paro
Você faz, eu falo
Mas a gente no quarto sente o gosto bom que o oposto tem
Não sei, mas sinto, uma força que embala tudo
Falo por ouvir o mundo, tudo diferente de um jeito bate
Todos caminhos trilham pra a gente se ver
Todas as trilhas caminham pra gente se achar, viu
Eu ligo no sentido de meia verdade
Metade inteira chora de felicidade'
Maria Gadú



10.19.2009

destino insólito






dancing with myself.







Lá pelas cinco da tarde de domingo - horário que normalmente eles gostavam de deitar na rede da varanda ou costumavam ir ao cinema - ela se sentiu sufocada numa saudade que doía como leve picadas de agulha pelo seu corpo inteiro. ela se sentia trêmula salivando os beijos dele e mordia os lábios pra não chorar. ela nunca imaginou que dessa vez a saudade fosse causar tantos estragos. a verdade é que ela não aguentava mais a conciência de sua fraqueza diante desse amor. deitada encolhida no sofá da sala, ela pensava a cada agulhada de dor: 'será que morrer de amor é apenas uma licença poética?'

e buscando qualquer forma de cessar essa dor ela resolveu colocar um disco que não lembrasse ele, então quem sabe a dor diminuísse. ela colocou um disco que ganhou de seus pais. - Os Doces Bárbaros - e com um gosto salgado de lágrimas na boca, ela fechou os olhos e dançou. e assim sua tristeza transbordou em música até a noite chegar.
dançar era algo que a deixava feliz.

ela preferia dançar, pois era orgulhosa demais pra telefonar e dizer pra ele que se arrependeu. o que ela não sabia é que ele também estava no limite insuportável da dor. durante todos aqueles dias sem ela ele só sentia na boca o gosto de cerveja, cigarro e café. e ele não permitia a si mesmo mais um amanhã sem sua menina dos olhos. então tirou de si o orgulho, respirou fundo, e abraçado pela saudade foi atrás dela. ele ainda tinha as chaves do apartamento, e quando chegou sentiu um frio no estômago, um medo incompreensível de ser enxotado porta a fora por ela. quando abriu lentamente a porta, e a viu girando e cantando como se estivesse feliz em estar sem o abrigo dos braços dele, ele quis chorar de raiva por ter acreditado que eles aindam podiam ser dois, só que antes que ele fosse embora ela sentiu a brisa entrando pela porta, e foi quando ela percebeu uma presença e intorrompeu a dança, e como era de se esperar, quando eles se viram seus olhares se fitaram e mal puderam se conter. choraram por fora, e sorriram por dentro. eles tinham um imã inserido no coração, e ainda sem sair do lugar ambos pensaram no quanto se subestimaram achando que podiam viver longe um do outro.

eles se aproximaram e sem dizer nada, se abraçaram numa tentativa de não se desatrelarem nunca mais. eles se tocaram numa harmonia perfeita e se beijaram com uma força como se disessem: 'não vamos mais desistir'. o tesão efervecia a cada beijo e com a pressa de quem ama, num movimento louco de mãos e pernas, se jogaram no chão da sala. seus corpos suavam entre beijos sem respiração. ele tirou o vestido dela como se fosse uma criança desembrulhando um presente, e beijou-a centimetro por centimetro. beijou os sinais espalhados estratetagicamente pelo corpo dela, beijou vértebra por vetébra, pernas, barriga, até chegar nos seios, que ele adorava porque cabiam perfeitamente em suas mãos. à medida que ele a beijava ela respondia com vibrações em cada polegada de sua pele. ela inteira ressoava por dentro e se contorcia por fora de tesão por ele. ele respirava tão ofegante e seu coração batia tão acelerado que se ela tomasse seu pulso ela sentiria o sangue circulando nas veias. eles sucumbiram as todas as perversões dos amantes, e fizeram amor nunca tinham feito antes. eles renasceram ali com uma intensidade e felicidade que nem eles conheciam e se lançaram novamente na loucura de um amor descomedido.


então ele, depois do gozo, beijou cada pálpebra dos olhos dela e disse:- 'eu sempre vou te amar'. ela indagou ainda com os olhos fechados "dessa vez é pra sempre?" e ele respondeu com um sorriso amável "nunca deixou de ser" e se acomodaram um nos braços do outro.

E com um sorriso de rendição no rosto, depois de um beijo breve e carinhoso, se abraçaram forte e logo em seguida dormiram com aquela sensação gostosa de ter encontrado o caminho de volta pra casa.



'Cause you are by far my favourite and I've been thinking it's about time that you knew . That you are by far my favourite and I hope that I'm by far your favourite too.'
-
Sophie Madeleine


10.18.2009

solitude


Maybe...
Oh, if I could pray, and I try, dear,
You might come back home, home to me.
Janis Joplin




hoje ela sentiu o cheiro deles. acho que foi o cheiro de café e chuva. lembrou-se de quando varria a varanda pra colocar as xicaras de café e a vitrola no chão, pra poder namorar na rede enquanto ouviam o disco da janis. eles gostavam de olhar a chuva e com os dedos entrelaçados faziam tolas juras de amor. um dia até fizeram amor na rede, e no depois fumaram e escolheram o nome dos filhos - Tarsila e Caetano - a menina pareceria com ele, e teria um jeito despreocupado e leve, e o menino teria o comportamento ansioso e inquieto dela.

ela não economizava no amor. e ele achava gostoso ver tantos desejos refletidos no olhar dela.



- ela olhou a chuva e se embrulhou de lágrimas ao perceber que ainda o amava.


é que eles vivam tendo fases de berros, ciúmes, silêncios abismais, chutes em móveis, pratos quebrados, e muito choro. numa dessas fases, passaram um tempo separados e voltaram. 'ela havia mudado e ele também'. ledo engano! voltaram com a doçura dos culpados, que é tão artificial como aspartame. continuavam os mesmos ciumentos e inseguros.

eles se amavam demais, mas não sabiam como ser dois. por vezes ela o odiava e berrava pelos motivos mais tolos. ela não sabia ser diferente, e só conseguia amar de uma forma dramática. e ele estranhamente amava esse jeito dela. ele a achava incrivel, e sempre pensava que ela poderia estar com outra pessoa, mas era com ele que ela estava. o amor deles era simultaneamente simples e confuso. ele não tinha controle sobre ela e isso o enlouquecia. ele sempre dizia que dava trabalho ama-la porque ela era indiscreta, teimosa e cheia de manias. ele brigava porque ela deixava calcinhas no box e isso o deixava profundamente irritado, no entanto ele completava dizendo que ama-la era
como ter um Rolls Royce: se você não quiser ter que pagar o preço da manutenção, mude para um Passat. o que fazia os dois sairem da linha era o excesso de tudo. excesso de amor, de sexo, de orgulho, de paixão, de ciúme, de saudade. ele não conseguiam ser compassivos, e se amavam como dois narcisistas. eles diziam que tinham sido contemplados com um amor tresloucado. e assim se consumiam de forma intensa. eles se sentiam presos nessa necessidade insana um do outro e não mascaravam seu medos, nem defeitos e nem desejos.

e agora ela chora por ter mandado ele embora. ela não consegue se acostumar com tanta ausência. não consegue se acostumar com essa dor dilacerante por não ter mais beijos e nem abraços nos milésimos segundos antes de dormir. chora por não conseguir remover essa saudade como se fosse um esmalte velho. ela chora por não conseguir abandonar de vez esse amor. ela chora pela sua rotina ter sido quebrada bruscamente, e por parecer que ela está em descompasso com o universo. ela não quer mais esse orgulho que a impede de ser feliz. ela quer de volta as tardes de domingo com ele no cinema. ela quer de volta os pequenos gestos de amor. ela quer acordar, e ver que foi tudo um sonho, e que ele está ali novamente, colocando o disco da janis na vitrola pra ouvir, enquanto faz café pra dois, como sempre fazia.

o cheiro de chuva e café a fez se dar conta de que enquanto houver amor pra recomeçar, ela sempre vai estar pronta, caso ele queira voltar, e assim eles podem voltar a se amar, como dois loucos narcisistas apaixonados que sempre foram, e que no fundo, era assim que gostavam de ser.






Maybe, maybe, maybe, maybe, dear,
I guess I might have done something wrong
Honey, I'd be glad to admit it
Ooh, come on home to me!
Honey, maybe, maybe, maybe, maybe...


10.17.2009

easy like sunday morning



'señorita, mas fina, who's that girl?'
Madonna.




 
outro dia ela sentiu vontade de organizar suas coisas que estavam espalhadas pelo seu quarto desde que ele foi embora. foi à rua, comprou vinho e cigarros, afinal, ela sempre gostou de dar uma pitada de prazer em tudo. começou pelas suas revistas de música, organizando-as por mês, e colocando empilhadinhas cuidadosamente, e aqui e acolá relia uma matéria ou outra, se perdendo entre beatles e elvis, madonna e metallica e várias de suas bandas favoritas.

enquanto separava os discos, ela percebia o quanto ela gostava de coisas diferentes uma da outra. o que ela não gostava era de ter limites musica
is. seu critério era único: devia ter um 'quê' de especial. ela relia as matérias e fazia os mesmos comentários como se fosse a primeira vez que estivesse lendo. e sorria entre tragos, de sua tolice.

de tão distraída que é, nem notou que muitas horas já tinham passado, e ainda havia muita coisa pra pôr no seu devido lugar. logo que terminou de guardar suas revistas, sentou-se para tirar a poeira dos seus discos antigos. ela se deu conta de precisava de música pra continuar - é um erro mexer com lembranças sem música ao fundo. escolheu um disco que marcou sua infância, quando ela nem sabia o que significava 'virgin'. tirou da capa e colocou na vitrola seu primeiro disco da
Madonna - Like a Virgin. e enquanto continuava a tirar a poeira dos outros ela cantava mais alto que a própria Madonna, acompanhando a música. como ela nunca soube ser normal, ela parou o que estava fazendo e se pôs a dançar. acendeu um cigarro, encheu sua taça de vinho, fechou os olhos e deixou a música entrar. colocou seu lado A e B pra fora, dançou e cantou sozinha como uma garota com alma, com vida. ela havia esquecido de quem ela era, e naquele momento lembrou-se que aquela era ela de verdade: alguém que dança sozinha. e sentiu uma paz fantasiada de felicidade naquela solidão. seguia o ritmo da música 'señorita mas fina, who's that girl?' e sorria se entregando aos prazeres etílicos. Madonna era amor antigo, gostava desde menina pequena. aos oito anos foi convidada pra uma festa a fantasia e cismou que só ia se fosse vestida de Madonna. e assim ela foi. nenhuma criança quis brincar com ela. nem a odalisca, nem a princesa e nem a barbie. afinal quem brincaria com uma menina vestida de meia arrastão preta, saia de tule preta, luvas pretas, botas, batom vermelho, correntes e unhas pretas? mas ela pouco ligou, afinal, ela era a própria estrela. e lembrando disso ela deu gargalhadas altas, que podiam ser ouvidas a km de distancia.

a cada minuto ela encontrava a si mesma em suas mil lembranças espalhadas pelo quarto em revistas e discos. já pela segunda garrafa de vinho, e alguns poucos cigarros, ela já se sentia dona de si, e se sentia levemente embriagada também. a tristeza tinha ido embora de vez, e de suas melhores lembranças ela tirou motivos pra seguir em frente. ela anotou num papel pra jamais esquecer 'quando minha música estava prestes a morrer, eu cantei e dançei' e colou no espelho do quarto. então colocou o disco do Faith no more pra ouvir sua música favorita...tomando a última taça de vinho e fumando seu derradeiro cigarro.

- foi quando se sentiu inteira de novo.





'That's why I'm easy
Oh, oh, oh, oh

I'm easy like a Sunday morning'
Easy - Faith no More





10.14.2009

untitled

Silêncio por favor

Enquanto esqueço um pouco a dor no peito
Não diga nada
sobre meus defeitos
Eu não me lembro mais
quem me deixou assim
Hoje eu quero apenas
Uma pausa de mil compassos



- persistente esperança. esse deveria ser o sobrenome dela. ainda que as inspirações românticas lhe escapem os dedos, e sua veia poética esteja entupida, ela não perde mesmo que queira, o sorriso largo e meio sarcástico no rosto. ela sorri de si mesma, como se sua vida fosse um circo e ela o maior espetáculo. sua personalidade carismática e impetuosa fazem dela o que ela é. ela sempre teve um senso de justiça fora do comum e um dom especial para se entusiasmar e entusiarmar quem estivesse à sua volta. mas agora é ela quem precisa de entusiasmo, e um pouco de justiça. por mais que ela acredite em si mesma, ela não consegue mais acreditar nos outros. ela para e escuta mutantes pra fugir de si mesma. ela ouve música pra esquecer de quão hostil o mundo pode ser. ela não sente mais vontade de ser solícita. nem de ser humana. ela só sente vontade de ser evil. é que ela sempre deu demasiado valor a pessoas superficiais[envoltas em sua cápsula protetora]. tudo culpa de sua mente pueril, que sempre fez com que ela se deslumbrasse facilmente com uma frase ou com um olhar ou com um céu azul. e na sua eterna inconstância e intensidade, sempre foi muito sincera consigo e com os outros ao seu redor. ela era assim, se doava por inteira. e por isso, algumas coisas na sua memória são indeléveis e isso a machuca. ela não é de guardar rancores, isso não. mas vez ou outra o canto de sua alma dói. dói por ela não entender o porquê de algumas pessoas terem sido tão inescrupulosas. claro que isso nunca descoloriu seu dia, e nunca a tornou amarga. mas ela é humana. até demais. e às vezes a melancolia ecoa dentro dela. ela sempre foi dessas que arrota um palavrão atrás do outro desmedidamente quando é magoada. mas ela se sente tão fraca, e tão desprotegida, que nem mesmo proferir ofensas ela consegue. e de tão perdida e tão sem graça, mesmo achando por demais tolo escrever na terceira pessoa sobre si mesma, ainda assim, ela escreve.

ela, tardiamente, percebeu que enquanto ela for mimada, impetuosa, impulsiva, inconsequente e ácida, tudo que poderia ser bom, vai se afastar aos poucos. e esse seu recente tormento a fez pensar que ela tem a sindrome de 'sou o umbigo do mundo' [devido essa mania de transformar má fases em crises homéricas] mas de repente ela lembra que exagero é uma caracteristica intríseca a sua personalidade, e então sorri irônicamente.
-
ela leu que da felicidade triste nasce uma poesia, o problema é que suas veias poéticas ainda estão entupidas com um pouco de fel, no entanto ela vai colocando palavras aqui e ali, sem rimas, sem exclamações, e sem beleza poética alguma, acreditando [ainda que com pouca esperança] que se a felicidade na sua vida é efêmera, essa tristeza também será. ela começa a pensar com um pouco mais de otimismo, por que no fundo, beeeem láááá no fundo, ainda resta um resquício de fé.

- isto será um prenúncio de que as coisas estão melhorando?




Cuidado meu amigo
Não vá se estrepar
Não queira dar um passo mais largo
Que as pernas podem dar
Não se iluda com um beijo
Uma frase ou um olhar
Não vá se perder por aí...
(...)
Veja bem como vem
Vai vem se ela vai também
Você é bem grandinho
Já pode se cuidar e
Ir seguindo o seu caminho
Sempre errando até um dia acertar
Mas não tenha muita pressa
Vá tentando devagar
Só não vá se perder por aí...
Os Mutantes.


10.13.2009

quando perdi minha fé

Queira!
Basta ser sincero
E desejar profundo
Você será capaz
De sacudir o mundo.
Raul Seixas. Tente Outra Vez.














decididamente sou uma maldita revolucionária de sofá, até queria mudar o mudar meu mundo, mas não devo estar fazendo nada pra que qualquer coisa mude de lugar, de direção. será que gosto mesmo de ser assim? será que manter a cabeça erguida depois de tantas quedas é mesmo sinal de coragem? hoje sinto que a minha fé está perdendo o sentido. toda essa fé em ser feliz - digo ser feliz de dois, ser par, deixar de ser um - toda essa fé que dias melhores virão. acho que talvez uma vez na vida, eu deva tentar ser melancolicamente solitária, um pouco ruim, e com menos escrúpulos. talvez eu deva tentar achar graça do som das pessoas indo embora. usar minha ironia ao meu favor. de que me adiantou até hoje não ter medo das hostilidades desse mundo cão? nada. a vida sempre me mostrou o meu lugar. ela gritava no meu ouvido enquanto eu chorava por mais um amor-amizade que não deu certo: tá vendo sua abelhuda, isso é pra você aprender a ver um abismo e não se jogar. eu bem que mereço. que pessoa em plena posse de suas faculdades mentais se arriscaria de novo? qual o sentido dessa fé inabalável? porque? pra que? será que não percebi ainda que eu sou a personificação da ley de murphy? - eu nem exigo mais tanto da vida. mas mesmo assim, ela cismou que eu só mereço tapa na cara - [meu caos interno grita agora] - fuck. fuck. fuck. eu não suporto mais que pisem no meu coração com coturnos de arame. eu não mereço mais chorar em demasia. minha maldita fé nunca me levou a caminhos ladrilhados com pedrinhas de brilhante. me sinto esgotada e sufocada. e me incomoda pensar que a culpa das coisas inevitavelmente não darem certo, é exclusivamente minha. sinto hoje que perdi minha fé. e minha fé é que move o meu mundo. sem ela, sinto vontade de me prender dentro de mim mesma, pra tentar aprender a andar em passos mais curtos. quem sabe aprender a ser cínica, e deixar de achar que oposto, o díficil, o estranho e o arriscado, é charmoso e interessante. as consequências de ter fé demais são amores mal resolvidos, promessas quebradas, leite derramado, caos, e fraturas expostas.


todos os dias da minha vida mergulhei na cama, e dormi com minha fé nas pessoas. mas hoje minha única vontade é apenas maldizer essa maldita fé. acho que enloucresci. de que adiantou mudar quando era lua cheia? de que adiantou molhar as mãos de tintas coloridas e sujar paredes cinzas e sérias? de que adiantou estampar um sorriso no meio da cara pra quem não merece? de que adiantou tanta honestidade se pra mim eram só meias-verdades? tudo por uma maldita fé que por muito tempo moveu meu fudido mundo. cansei das mentiras sinceras, elas não me interessam mais. peço desculpas a mim mesma. por deixar de acreditar que a sorte virá. por não querer mais ser uma canção de chico. por querer ser ruim e inescrupulosa como nunca fui. perdi minha fé. sem fé, eu não sou a mesma. sem fé, talvez eu seja uma farsa. mas pelo menos, não serei eu sozinha. quem sabe assim, serei par, serei dois. nunca se sabe. só sei que estou cansada de me anunciar, de me costurar igual boneca de pano. esgotada. cansada de esperar por esse gosto de menta e pipoca que dá quando a gente ama. perdi minha fé e hoje abortei minhas convicções acerca do amor. definitivamente a sorte do amor tranquilo não é para todos. fui contaminada com o mal do século: o pessimismo. não quero mais ser Scarlett O'hara, agora quero ser Bette Davis. não quero piedade. já me basta a raiva que sinto de mim hoje. minha boca hoje só traga cigarros e dores. hoje vou maldizer a minha fé, e me embriagar de tristeza, quem sabe ela se transforme em beleza. e quem sabe, eu encontre de novo minha fé. por hoje...minha canção está perdida.



Há uma voz que canta
Uma voz que dança
Uma voz que gira
(Gira!)
Bailando no ar



[isso seria TPM?]



10.11.2009

meninice

Que me perdoem se eu insisto neste tema
Mas não sei fazer poema ou canção
Que fale de outra coisa que não seja o amor
Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos que não usam o coração como expressão.
- Toquinho




lembro do meu primeiro amor. eu devia ter uns doze anos. ele morava na rua atrás da rua da minha avó. ele era mais velho - tinha treze anos - e namoramos escondido por um mês. até que o amor de juras eternas acabou. devemos ter nos beijado cinco vezes, no máximo. mas eu tinha certeza que seríamos felizes para todo o sempre. ever. eu como sempre, dotada de muito otimismo. por ser assim, perdi as contas de quantas vezes meu travesseiro foi encharcado por lágrimas. foram tantos laços invisíveis que se desataram e tantos discos furados na mesma música, que eu deveria ter o coração fechado por toda a eternidade. mas não, eu sempre ia aos prantos na lata de lixo, pegava meus cacos, e juntava. tal qual uma criança, que a mãe diz 'não ponha o dedo na tomada de novo que dá choque'. e vocês sabem como são as crianças. sempre me senti um apelo sentimental ambulante. toda cheia de hipérboles. depois que cresci e virei moça esse adjetivo mudou. agora me chamam de filha da puta manipuladora de sentimentos. quem me dera! - eu apenas sei fingir desinteresse quando me é conveniente [pra fazer charme] - continuo a mesma sentimental que usa o amor como desculpa pra tudo. alego sempre insanidade e sempre coloco a culpa no bendito amor. especialmente quando torno público amores que deveriam ser clandestinos. eu tenho a síndrome de Scarlett O'hara. de todas as minhas caracteristicas, essa é a mais evidente - mania de transformar tudo num amor-drama cinematográfico - sem esquecer a minha maluquice e meus rompantes, que são intrísecos à minha pessoa. exigo do meu miocárdio um trabalho escravo árduo. até que tento ser racional, mas daí me perco tentando transformar tudo em poesia, tentando transformar o tédio em melodia. e por ser assim eu fui eleita a personal-amiga-levanta-auto-estima-tabajara. talvez por manter sempre a euforia e as luzes frenéticas no meu olhar. por não ter medo de viver por um triz. por ser aquela-menina-que-sorri-à-toa, apesar dos crimes atrozes que cometeram com meus sentimentos. por ter sempre motivos para sorrir, mesmo tendo se apaixonado torridamente e se enfiado de cabeça em relações fadadas ao fracasso, e que naturalmente, tiveram seu triste fim. apesar de todas as lágrimas derramadas e todos os fins, eu continuo a esperar que a vida sorria pra mim, mesmo que seja num fututo longínquo - eu como sempre, certa de que dias melhores virão. gente, eu poderia estar matando, roubando, me prostituindo, enganando e molestando crianças inocentes. mas não, eu só estou procurando o tamanho certo pro meu pé. dane-se os infortúnios da vida. e sendo bem clichêzona: eu quero mesmo é ser bem-amada. porquê ainda que eu falasse a língua dos anjos, sem amor, eu nada seria.

...
- eu já nem sei se é meninice ou cafonice o meu amor.


[carência detected]

10.09.2009

this is the end


- This is the end, Beautiful friend
This is the end, My only friend, the end
It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies.
The Doors.








this is the end. tire suas coisas do meu quarto. leve a tristeza e esse desgosto com você. me deixe sozinha com meu coração que ainda é seu. você matou meu amanhã e transformou o doce blues do meu amor em um blues amargo. meu coração sangra com uma dor que me faz recusar qualquer tentativa sua de aproximação. você interrompeu nossos versos com essa maldita falta de lealdade. odeio ter mil razões para te odiar, e ainda assim, te amar. junte todos os seus discos e vá embora - desamarre esses laços e me desata de ti - eu já não quero mais teus carinhos diários. não preciso mais dos teus dedos quentes passeando pelo meu corpo nos domingos frios e chuvosos. nem da tua boca e nem do teu cheiro de manhã cedo. eu não quero mais tuas adoráveis perversões às duas da madrugada. não quero mais essa história de ser seu norte, seu sul e seu leste - não me consuma mais - não quero mais esse amor fajuto e vicioso.não quero mais seus beijos e nem suas mordidas, nem sua voz gostosa no meu ouvido, não quero mais suas histórias e nem seu humor encantador. não me quero mais em cima de você com você dentro de mim. não quero mais o gosto do seu corpo, nem do seu café.


sabe, é engraçado lembrar que você que cantava don't let me down, e eu sorria e dizia: não se preocupe. e por ter fé em nós, reservei todas as minhas danças pra você. ai como fui tola! agora estou aqui, imersa em emoções contraditórias, confusas, somadas a dor e raiva. me encontro e me desencontro o tempo todo - nonsense - nem sei mais o que escrevo. me disperso entre o ódio e o amor que ainda sinto. hoje nos transformamos em passado antes de sermos futuro. nos perdemos no caos da desordem sem nexo. meu deus, o que estou dizendo?
não estou mais dizendo coisa com coisa. não tente entender, apenas tire tudo que me lembrar você do meu quarto. tire também o cheiro de amor impregnado no meu travesseiro. cheiro de amor cinico. não quero mas a certeza histérica de te amar.

s
into um medo das manhãs áridas e cheias de solidão que vão chegar. nessas manhãs eu amargarei a tua falta de lealdade tomando um café ruim e fumando um cigarro barato. que droga. preciso me afogar nos meus lençóis e esquecer nossas memórias. senão não vou sobreviver aos malditos domingos que virão. vou procurar festas onde posso ouvir rock. quem sabe eu consiga te exorcisar. fingirei por enquanto que não quero mais amar novamente. e escondida de mim mesma vou ouvir carlos gardel e sentir meu existir sem ti, doer. não, não pense que mudarei de idéia. esse é apenas meu jeito estranho de te mandar embora. vá embora, leve seus trapos. não se preocupe, não vou te cobrar pelo estrago. mas por favor, vá embora, preciso de tempo pra juntar meus cacos. é que eu não sou feita de pedaços, não nasci pra ser metade. preciso voltar a ser inteira novamente. enquanto isso, terei dias de noites díficeis. apesar da minha fúria, sei que vai ser difícil acordar, não tomar o seu café, e ver que você me deu mesmo ouvidos e tirou tudo do meu quarto.




ah, por favor, deixa o disco Sgt. Peppers dos Beatles. é que você se apaixonou por mim quando eu disse
que ele parecia antigo e, no entanto, não havia nada mais novo e revolucionário. lembro de você me encarando com cara de bobo quando eu disse isso. foi quando nos beijamos a primeira vez naquele buteco sujo. semanas depois compramos ele juntos e assinamos nossos nomes na capa. é a única lembrança que quero guardar de nós dois.

lembro agora que você gostava de dizer que tudo na vida era fulgaz, e agora eu completo: inclusive nós.
...
meu amor, meu único desejo é ficar violentamente na sua memória, de uma forma que você enlouqueça tentando encontrar meus timbres em outras risadas e não encontre. quero que isso cause uma dor e uma tristeza que de tão grande, não vai caber em seu coração. e que isso te dilarece por dias e noites. então quem sabe, você entenda essa maldita dor que sinto agora...

10.07.2009

uma colher de açúcar no meu café.





uma boa amizade é como uma xícara de café expresso. consistente, gostoso, puro e forte.









amizade. não posso te definir ainda. nem dizer se você é boa, ou má. você canta blues. toca violão. fuma derby. tem um sorriso largo levemente doce. e é curiosamente encantadora. sua dúvidas e angústias revelam o quão altruísta você é. e de vez em sempre, me faz rir. não discorde. Smile like you mean it.



A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada - Oscar Wilde.



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