9.30.2010

forte como o vento quando sopra

é engraçada a forma como chegamos aqui. alguns trancos e pregos no caminho, mas a caranga foi que foi e pegou, né? apesar de tudo, é fácil dizer porque somos amigas. claro que eu poderia listar as mil coisas que tu faz que me irritam profundamente, e que por vários 'trizes' eu quase achei que nossa amizade iria para as cucuias, no entanto prefiro listar todas as mil razões pelas quais eu  gosto de ti. 

eu diria que temos uma caracteristica em especial que nos une.  somos livres, desprovidas de preconceitos, temos pressa pra viver e fome de amar. não somos menininhas tocadoras de piano, e sabemos que a felicidade está além de regras. tu, assim como eu, sempre que encontra um paraíso, também encontra, inevitavelmente, um pecado original. possuímos uma natureza hedonista, e somos conduzidas impulsivamente pelo prazer pela vida. teu vício pela paixão é quase como o vício em heroína, o que te torna especial, e por sua vez, igualzinha a mim. consequência não é algo que te faz agir com cautela. ser assim é tua paz e tua guerra. tu vai lá, seduz, faz, ama, grita, chora, sofre e vira cinzas. se tiver de ser assim, que seja. porém, ao contrário de mim, tu se demora na dor de amor, e passa uma década pra sair do estado pó, pra depois ressurgir feito fênix. nas questões sentimentais, o que nos difere é isso e também o fato de que eu me apego facilmente, e tu não. contudo, eu tenho um próton a mais de juízo, e isto me poupa de algumas situações, digamos, desagradáveis, e de algumas tristezas futuras, que são totalmente desnecessárias. entretanto - e felizmente - a vez que agimos juntas de forma precipitada  e irresponsável - pelo menos foi o que disseram - fizemos uma louca viagem cheias de loucas expectativas, que por sinal foram superadas a cada dia. nós saímos do 'lugar comum' para a poesia concreta. duas mutantes num lugar gelado, belo e cinza. 

foi quando de fato nos conhecemos. 

lembro dos dias em que o tempo estava cruelmente frio, e tu fazia um café  com leite, pra gente tomar em silêncio, ou tagarelando sobre as loucuras da balada da noite anterior. e como toda coisa muito boa tem seu lado ruim, além de toda risada compartilhada, nossos defeitos também foram expostos,  uma vez que estávamos convivendo. defeitos irritantes, que colocaram à prova uma amizade tão recente. dizem que é assim que uma amizade ou começa ou termina de uma vez. felizmente nós saímos ilesas dessa prova - ou quase - e estamos aqui, contando, e vivendo mais histórias hilárias. sinto falta dos nossos domingos improdutivos na tua casa, que nos movíamos apenas pra nos espreguiçar. não sei porque demoramos tanto tempo pra nos encontrar, se tínhamos o mundo todo em comum. guardarei pra sempre comigo as nossas canções, minha amiga grande e pequena, que chora lendo qualquer coisa que eu escrevo, e não bate-cabelo comigo ao som de madonna nem a pau. é teatro mágico que nos embala até hoje, nos fazendo lembrar que nossa amizade entorta, enverga, capota, mas não quebra.



"Vou contar histórias dos dias depois de amanhã
Vou guardar tuas cores, tua primeira blusa de lã


...


Nosso canto será o mais bonito Mi Fá Sol Lápis de cor
Nossa pausa será o nosso grito que a natureza mostrou
A gente é tão pequena, gigante no coração
Quando a noite traz sereno a gente dorme num só colchão"


Teatro Mágico. 

 

 

9.27.2010

untitled

sinceramente, desisto de entender como algumas pessoas conseguem se resumir a 'quinze'. no caso, quinze filmes favoritos. quinze não é o meu número, definitivamente. listar apenas 15 filmes,  em não mais que quinze minutos, sendo eu, doente por cinema, é praticamente impossível. digamos que se fosse por categoria, até daria, mas eu prefiro nem tentar, beijos. já me acostumei com o fato de não saber me resumir e convivo bem com isso. quando estou contando alguma coisa tem sempre alguém no fundo dizendo com tom de impaciência: resume Luna. Deus sabe o quanto me policio pra não contar detalhes desnecessários - tipo o desfecho - de um filme, e tento não me perder em pormenores quando vou contar algo incrível ou hilário que me aconteceu em alguma viagem, ou festa. normalmente quando estou eufórica contando uma história, e de repente lembro de outra, eu me perco totalmente da anterior deixando todos confusos, e quando tento voltar ao que estava falando no ínicio, não lembro e fico com cara de acéfala-desmemoriada-que-esquece-o-inesquecível. certa vez um amigo até me deu um carinhoso tapa na cabeça e disse: ' - é nisso que dá falar pelos cotovelos!' e eu não me chateio não, sabe? sobretudo porque eu mesma acho que é bondade demais alguém dizer isso ao meu respeito. acho inclusive que deveriam acrescentar o resto do corpo também, porque além de falar, eu ATÓRON gesticular, e uma vez que tenha espaço físico, eu faço toda a simulação da cena descrita, com direito a efeitos especiais, trilha sonora, e indicação ao oscar. eu juro por esta luz que me ilumina, que eu tento me resumir, mas é inerente a minha natureza, portanto, raramente consigo. por exemplo, eu deveria apenas responder um meme, dizendo quais meus quinze filmes favoritos, e ao invés disso estou aqui explicando sucintamente, que infelizmente, não consigo tal proeza, porque sou cinéfila praticante. sou fã dos sublimes filmes de Almodóvar, do mestre do suspense Alfred Hitchcock, da temática sombria e peculiar de Tim Burton,  do anti heroismo de Clint Eastwood, das  excelentes tramas de Martin scorsese, da ação tensa de Guy Ritchie,  da desordem psíquica dos filmes de Brian de Palma, da genialidade de Sofia Coppola,  herdada de Francis Coppola, e por último, não menos importante, sou powermegafã da violência explícita e dos diálogos memoráveis de Quentin Tarantino. e embora me critiquem deveras por isso, eu adoro filmes estilo avatar. 

entretanto, tem dias que, com preguiça de pensar,  e com aquela ressaca consumindo todo meu ser, assisto numa boa um bom e velho romance adocicado daqueles bem óbvios. e quando  estou bem numa boa comigo mesma, eu encaro um drama iraniano, indiano, coreano, francês, um cult e tal.  mas meu maior prazer particular nas madrugadas solitárias, regadas a pringles, chocolate e refri, é assistir filmes estrelados por divas musas inspiradoras que eternizaram frases como 'se sou supostamente uma estrela, porque estou sozinha? Judy Garland' ou 'eles dormem com Gilda e acordam comigo. Rita  Hayworth'. estes sim, são meus favoritos. então, como já disse antes em outras palavras, eu, por mais que tente, jamais conseguirei me expressar monossilabicamente, jamais, imagine só, listar somente, simplórios 15 filmes favoritos. 





9.26.2010

minha dor em exposição

o auge do meu masosquismo é adorar a sensação que essa música me causa, em especial. alguém já sentiu o coração pulsando exposto em carne viva? é algo do tipo.



-
quando começar o frio, dentro de nós
tudo em volta parece tão quieto
tudo em volta não parece perto
toda volta parece o mais certo
certo é estar perto sem estar
perto de você, sou tão perto de você, sou tão perto de você
quando o tempo não passar, dentro de nós
cada hora é como uma semana
cada novo alô é mais bacana
cada carta que eu nunca recebo
é sempre um motivo pra lembrar
sou tão perto de você.
vida amarga, como é doce a dor da palavra dita de tão longe, dita de tão longe, dita de tão longe.
quando alguém se machucar, dentro de nós
toda culpa parece resposta
nossa busca não parece nossa
nosso dia já não tem mais festa
não tem pressa nem onde chegar
sou tão perto de você
quando a paz se anunciar, dentro de nós
é porque aquilo que nos cega, mostra um outro lado pra moeda
que paga as coisas do meu peito
o preço é me fazer acreditar
que sou tão perto de você.

vida amarga, como é doce a dor da palavra dita de tão longe, dita de tão longe, dita de tão longe.

e quando a música acabar, dentro de nós...

Teatro Mágico.



SEM MAIS PARA O MOMENTO.


9.22.2010

karma

alendo o livro comer rezar e amar (sim, eu já li todo, passei os últimos dias gastando meu tempo livre devorando cada página até ficar vesga), percebi que eu e a autora somos bem parecidas no quesito personalidade. num trecho do livro ela me define definindo a si mesma como uma das formas de vida mais afetuosas do planeta, algo como um cruzamento de golden retrivier com molusco. melhor definição de mim mesma impossível. a cada capítulo eu pensava: eu teria agido assim também ou eu teria escrito isso!  sei que é presunçoso de minha parte, mas Liz descreve tudo como eu provavelmente descreveria. ela parte da premissa 'que seja eterno enquanto dure' e se esforça de uma forma sobre humana pra ser feliz enquanto dá, e quando não dá mais ela dramatiza e pensa em todas as saídas possíveis - e até mesmo descabidas - pra voltar a ser feliz e reencontrar a si mesma, mais uma vez. e é especialmente essa característica que me faz semelhante a ela. eu, quando amo, afeto pouco é bobagem. sei que certamente nem sempre vale a pena se entregar loucamente de olhos fechados, mas se todo mundo tem direito a ser muito idiota  por amor uma vez na vida, creio eu que já vivi meu momento. certa vez aceitei aquele tipo de amor que vem em migalhas, e tenho vergonha de mim mesma ao lembrar de coisas a que me submeti, quando estava amando tal pessoa tão miserável.

senta que lá vem a história.

era uma vez que eu tive um amor pra lá de desesperado. lembro como se fosse hoje o momento em que, tão perdidamente, eu me apaixonei. nos conhecemos numa festa underground barulhenta e escura. eu caminhava distraída, em direção ao bar e lá estava ele, sozinho, encostado no balcão, com seus cabelos castanhos cacheados, envolto em seu lindo mistério, como um belo forasteiro de velho oeste. e como numa cena ensaiada de telenovela mexicana, nossos olhares se cruzaram e sorrimos disfarçadamente. um momento lindo  e único. Deus sabe como tenho mania de me apaixonar à toa, afinal, ele me fez assim, e como era de se esperar, nessa mesma noite o tragicômico romance se iniciou. a 'relação' que já começou fracassada, a cada dia que passava oscilava entre muito intensa e sem sentido. já ouviram falar em bipolaridade sentimental? pois é. era uma coisa do tipo 'te amo mas quero que tu morra'. ele, o tal forasteiro, não era de um todo ruim, quando estávamos zen, até que nos passávamos por um casal feliz. e além de ele ser incrivelmente bonito, entre quatro paredes, ave lúcifer, ele conseguia simultaneamente ser um troglodita selvagem e um ser extremamente carinhoso. nessas horas eu não queria que ele morresse, e vice-versa, mas lá no fundo sabíamos que mesmo com raros momentos de trégua, o fim era inevitável. ele era o próprio narciso personificado, e eu a própria madalena apaixonada, e de tanto acreditar que podíamos ser felizes juntos, cheguei ao extremo do extremo do extremo da falta de amor a mim mesma. sem perceber, eu me deixei levar por essa coisa louca de pele, e isso acabou se transformando numa estranha obsessão. eu me desvalorizei completamente, usei e fui usada, chorei com mentiras sinceras, me descabelei em encontros miseráveis, e depois de tanto amor versus desamor, eu me virei do avesso, traí minha origem índia, cortei o cabelo num ataque de fúria - fui ao salão, claro - pintei de blondie, no estilo bonnie tyler, a louca do total eclipse of the heart - e o mais ridículo, é que nem lembro se tal mudança no visual foi por mim, ou por causa dele. na época nada disso me parecia fora de controle, anormal, afinal, eu estava apaixonada, e obviamente, isso dispensa muitas explicações. hoje, consciente da minha loucura, me admiro, de naquela altura dos acontecimentos, não ter sido colocada numa camisa de força, pois era isso que eu merecia. sorte a minha não foi preciso, pois no auge do meu caos interno, o gentil universo, foi legal pacas comigo, providenciando em mim um raro momento de lucidez. diria que acordei iluminada em cristo, num belo e ensolarado dia, com tree little birds cantando uma doce canção na minha janela 'don't worry, about a thing, cause every little thing, is gonna be all right'. neste mesmo dia, enchi meu peito de coragem, e de uma vez por todas, dei fim a uma relação enlameada de mentiras sinceras e dores pontiagudas. depois virei rastafari, encontrei a paz de jah, porque o que jah abençoa ninguém almaldiçoa - brincadeira, não sou tão radical assim. a verdade é que de tanto chorar, minhas lágrimas secaram, e por não conseguir dormir, minhas olheiras quase engoliram as maçãs do meu rosto, sem exagero. claro que eu sabia bem que tudo ia passar, e a pra minha sorte a dor se foi bem mais rápido do que eu pude imaginar. um dia qualquer, fazendo coisas triviais, e de repente, pluft, eu estava livre daquele peso.  só então me dei conta do quanto o amor pode fazer uma pessoa beirar o ridículo e sofrer feito uma condenada. alguns podem até dizer que isso não é amor, mas pra mim, ainda que seja mal administrado, é sim, amor. a lição que tirei disso tudo? eu posso pular essa? não? óquei. o que posso dizer? diria que depois desse mal fadado relacionamento - se é que posso chamá-lo assim - eu não me transformei numa mulher mais sábia, mas com certeza, meu amor por mim mesma se tornou algo maior que todas as coisas maiores do mundo das coisas grandes. porém, creio que continuo o mesmo molusco afetuoso e apaixonado de sempre. claro que eu gostaria de ter me transformado numa pessoa mais dark nos sentimentos depois do que passei, mas eu sou assim, bem banana. ainda hoje, uma vez que estou apaixonada, já elvis. me flagro me imaginando piscando meus olhinhos felizes e dizendo: hey, cara, vamos nos amar para sempre? eu sei, é ridículo, é bem idiota. e o pior é que eu sei que eu não deveria ser assim, e por isso no momento, sou uma pessoa totalmente confusa quanto a como-ser-afetuosa-sem-me-entregar, eis a questão. quero dizer, esse lance de me jogar pro amor, já me fez perder o juízo em labirintos escuros, mas também me levou a caminhos ladrilhados de brilhantes, então fica dificil não entrar em curto. afinal, como saber que chuchu é ruim, se não provar?

hoje mesmo, em um momento  total feelingdescontrolfreak, me lamentei no msn, com meu oráculo-melhor-amigo-gay: miguxoS2, estou perdida quanto as minhas convicções acerca do amor. help me.

segundos eternos se passaram, enquanto eu aguardava a resposta do meu outro lado da tela.

eis que ele responde carinhosamente, como é habitué de sua pessoa.

'mas qual é mesmo a novidade cherrie? como diz a canção de céu, isto é só mais um lamento, entre tantos já feitos. pela milésima vez vou repetir, preocupe-se menos minha jovencita abravanista. nada que uns mojitos mais tarde não resolvam, nos encontramos que horas?'

suspirei profundamente e disse:

'espero algum dia possuir tamanha sabedoria. tu és um sábio mon cher, um sábio.'
 (mojitos deliciosos me fazem feliz em momentos de caos e desilusão.)

e lá se foi mais uma lamentação para o meu muro das lamentações. pois, contudo, sou uma mulher que crê, e tenho fé que nesse cruel mundo de pessoas que possuem uma flor carnívora no lugar do coração, existem também pessoas com o mesmo alto nível de sensibilidade que eu, e isso me conforta muito, podes crer. perguntas como 'será que um dia alguém vai amar exatamente esse meu jeito de me dar?' povoam meus pensamentos, não nego, e às vezes, deitada, olhando pro teto do quarto, eu penso que eu bem que poderia ser menos tagarela, menos boba, menos exagerada, menos apaixonada, menos quente, menos letrista, menos multicolorida, e especialmente menos afetuosa, só que não faço a mínima idéia de como ser assim. porque além de tudo, eu morro de preguiça de me transformar numa personagem robótica, só pra depois ter o trabalho de voltar a ser eu mesma. só de pensar, eu bocejo. eu sou muito mimizenta, levo a vida in heartbeat e quando desejo alguém meu corpo queima feito fogueira flamejante. de mim, nunca espere calmaria. meus amigos próximos dizem que sou uma pessoa inquieta, difícil, teimosa, agressiva, meio narcisista, intolerante, dramática, marrenta, e que faço o tipo 'me ame ou me deixe'. eles estão quase certos. eu realmente não faço o tipo gandhi, e às vezes sou muito hardcore. ser muito afetuosa não faz de mim uma madre teresa. eu sou boa na medida certa, má quando é necessário, e diabólica só em horas deliciosamente  apropriadas. agora some tudo isso a invencionices visuais, esmaltes coloridos, roupa-básicas-exuberantes-vintage-retrô-moderno-futurista-ladylike-minimalista-night-into-day, festas insanas, baladas gays, rockers, sambabossas, basfonds, cervejas&mojitos, sinapses, ares seventies, eighties, psicodelia, e flertes discarados com  propostas descabidas, e tcham raaaaaaaam, aqui estou! como diria minha monamiga Lu - comprovando a teoria da abiogênese - eu fui gerada espontaneamente de um cinzeiro em formato de coração, cheio de bituca, purpurina e cerveja. dessa mistura surgiu Luna, um ser humano cheio de amor pra dar, mas totalmente sem limites. então, até conseguir grana suficiente pra embarcar numa incrível viagem de autodescoberta, pra quem sabe, alcançar minha paz espiritual, eu aceito inconformadamente ser o ser mais ansioso, exagerado, entregue e afetuoso do planeta inteiro. talvez seja esse meu karma, ou não. vai saber.

e quanto ao livro comer, rezar e amar - meu melhor presente este ano -  acho que não preciso dizer que gostei né?

SUPER INDICO!


9.16.2010

mimimi

a distância é apenas um detalhe geográfico, quando se trata de uma amizade true. amizade com laço feito em nós, não se desata fácil. nem mesmo  sendo laços invisíveis. nossa história, de miguxices via blog-skype-celular, nosso sorriso junto e nosso afeto quase que diário, faz com que sejamos mais que amigos de pele, somos amigos de alma. lembro bem quando me procurei dentro de ti, e  sorte a minha, eu acertei quando encontrei. estou aqui, pra ti, se precisar. e nem preciso dizer que o presente, chegou aqui com  todo teu carinho, né? pude sentir teu abraço gostoso quando rasguei o embrulho. e quanto ao presente, ganhar livros é sempre um prazer indescritível pra mim. e quando o livro é escolhido com tanto carinho, por um miguxoS2motherfucker que nem tu ivan, ah, é inominável o que sinto! too much mimimis for you. têamoooo.

diretamente de curitiba para as entranhas do nordeste.

9.15.2010

pra pedir silêncio eu berro



para alguns silêncio absoluto é um bálsamo. pra mim também é, às vezes. talvez depois de um show de rock, ou de passar o dia numa creche com pirralhos encapetados, não sendo, o único silêncio total que me agrada é o compartilhado. é o que mais gosto. não silêncio de casal no primeiro encontro. esse é tenso, é opressor. eu gosto do silêncio cúmplice, de dois rostos mudos e olhares falando por si só, e com um suave barulhinho bom de suspiros e gemidos. há também  outros silêncios que gosto muito, mas que são apenas convenientes. silêncio quando é necessário calar, afinal é melhor não arruinar amores e amizades com palavras malditas e maldosas.  também curto deveras o silêncio do desprezo. é meu melhor silêncio. nada como revidar mau caratismo, com um desprezo silencioso.  e gosto muito mesmo é do falso silêncio do mar. das ondas dançando num balanço calmo, enquanto a gente  brinca ou descansa. me faz lembrar daquela canção de joão gilberto 'tudo isso é paz, tudo isso traz uma calma de verão e então, o barquinho vai, a tardinha cai '. é pura felicidade fantasiada de paz. e paz quando a gente sente invadindo a alma, é recado do cara lá de cima. nesse caso, valeu deusu, tu é o cara, mas só com essa paz silenciosa do marzão, eu não vivo plenamente feliz. e nem gostaria. minha felicidade só é completa com  um pouco de alegria em som surround. sou de muitos espalhafatos e alardes. vivo a base de cafeína e música, não à toa, minha pomba gira quando ouço 'não enche' do caetano. qualquer tristeza minha sorri e canta alto. gosto do barulho do meu coração acelerado. gosto das minhas cordas vocais em pleno funcionamento, se unindo às cordas de um  monte de gente amiga,  sorrindo feito hienas com amigdalite, de coisas sem sentido. e por isso eu sempre digo, silêncio absoluto é para os fracos, os bons conseguem refletir profundamente sobre a vida, ao som de jorge ben jor em pleno carnaval. e tenho dito.


9.14.2010

login

faça seu cadastro. crie sua homepage. afinal, vivemos num mundo internê, e ninguém quer ficar de fora. é gente brega misturado com gente trend. it girls. it guys. gente abestalhada, descolada,  antenada. todo mundo sempre ligado, plugado, conectado. todos querendo ser achados. amados. adicionados. seguidos. lidos. nossa senhora da internet banda larga de máxima velocidade, escutai as nossas preces. são celulares que se confundem com máquinas fotográficas. baterias de recarregar e pilhas não podem faltar. blogs, skypes, msn's, bluetooths, orkuts, twitter, facebooks. telefone descarregado causa angústia. conexão lenta causa stress aos dependentes do sistema. as pessoas beiram ao  fútil desespero. a ânsia toma conta o dia inteiro. postar, facebookar, blogar, twittar. pessoas fazem upload de suas personalidades. pessoas se divertem no chatroulette. pessoas fazem download de sentimentos sinceros. pessoas passam o tempo de lero lero. pessoas que não se cheiram se curtem. pessoas que não se tocam se apaixonam.  pessoas que não se mordem se desejam. pessoas que não se beijam, se amam. alguns amores vem com vírus, mas  tudo bem, o que importa são as amizades, que são quase sempre salvas no backup. dedico o lado bom  disso tudo, a todos que fazem parte da minha vida on line.

9.13.2010

retalhos

dandara odara, que é minha amiga do coração, pediu que eu fizesse uma playlist pra ela, com minhas quinze músicas  favoritas. e sabendo que seria impossível, resolvi acrescentar mais algumas no set. com muita dificuldade, consegui me resumir as 50 e poucas canções - no meu paraíso das canções, isso é resumir, beijos - que de muitas formas fizeram mais parte de minha vida , muito mais do que tantas outras que amo somente por amar. é que eu gosto de tudo muito. tenho um gosto extremamente extenso e misturado. não gosto de  viver num cárcere musical. alguns diriam que sou eclética, mas eu particulamente, não gosto de me definir assim, sério. na verdade, eu odeio. porque me faz lembrar dessas garotas  que morrem pela cláudia leite e que suam a cabeleira num show da calypsôôô, e depois dizem que também adoram rock, porque são superecléticas. aí tu pergunta qual banda elas curtem e elas dizem 'ain adoron beatles'. e eu fico com cara de mas-como-assim-beatles? qualmúsica? cri cri cri. um vácuo preenche a conversa. desculpem-me se eu estiver sendo uma chata que julga estereotipadamente as pessoas, mas desse 'ecletismo'  eu quero distância. não que uma pessoa não possa curtir tanto luan santana quanto metallica, problema sexual dela. mas é que o sentido de eclético pra mim, se transformou em bom-misturado-com-ruim, e isso me causa ojeriza. é tipo regina spektor versão forró ou claudia leite cantando dyer maker. me sinto morrendo dolorosamente e suavemente por dentro. só consigo pensar 'por favor, alguém me mate logo com uma bazooka'. enfim. as músicas da minha vida são sim de estilos diferentes , eis que daí surge o equivocado adjetivo odiado 'eclética', mas graças a dios, não tive nenhum momento tecnobrega, ainda. e vocês são de casa, então sintam-se à vontade para  pensar, achar, pra falar,  e comentar o que quiserem, afinal, cada um gosta do que quer.





retalhos da minha vida.

Janis Joplin - Maybe 
Janis Joplin - Woman Left Lonely
Nina Simone -Ain't Got No
Madonna -Vogue
Madonna - Miles Away
The Beatles - Something
The Bealtes - Hey Jude
Aerosmith -Crazy
Aerosmith - Full Circle
Regina Spektor - Samson
Regina Spektor - On the Radio
Coldplay - Shiver
Radiohead - 15 Step
Radiohead- All I Need
Led Zeppelin - Immigrant Song
Led Zeppelin - Whotta Lotta Of Love
Black Sabbath - Sabbath Blood Sabbath
Black Sabbath - Paranoid
Bob Marley - Concret Jungle
Bob Marley - Turn The Lights Down Low
Tiê - Le Pont
Tulipa Ruiz - Efêmera
Pedro Luís e a Parede - Máquina de escrever
Cher - I Got You
Os Mutantes - Minha Menina
Os Mutantes - Não vá se perder por aí
Bob Dylan - One More Cup of Coffe
Bob Dylan -  Like a Rolling Stone
Jack Johnson - Banana Pankakes
Jack Jonhson - Never Know
Los Hermanos - Conversa de Botas Batidas
Los Hermanos - Último Romance
The Smiths - I'm So Sorry
The Smiths - Please Please Please Let Me Get What I Want
Simon and Garfunkel - I Am a Rock
Simon and Garfunkel - The 59th Street Bridge Song
Marisa Monte - Diariamente
Marisa Monte - Dança da Solidão
Buena Vista Social Club - Candela
Chico Buarque - A História de Lily Braun
Chico Buarque - Deixe a Menina
Céu - 10 contados
Hot Chip - Ready for the floor
Cat Power - She's Got You
Cake - Perhaps, Perhaps, Perhaps
Cake - Never There
David Bowie - Ashes do Ashes
David Bowie - Rebel Rebel
Cazuza - Todo amor que houver nessa vida
Cazuza - Completamente Blue
Rolling Stones - Let's Spend Night Together
Elvis - Can't Help Falling in Love
Etta James - I Just Want Make Love Whit You
Etta James - Trust in Me
The Turtles - So Happy Together
The Turtles - Elenore
Cindy Lauper - Girls Just Wanna Have Fun
The Starfucker - Girls Just Wanna Have Fun
Israel Kamakawiwo'ole -Somewhere over the Rainbow

Nietzsche estava certo, sem música a vida seria um erro. a gente tem quer ter música pra sorrir e música pra chorar. música pra baixar o santo e música pra ser romântico. música pra ouvir sozinho pra ficar bem pianinho. música pra dormir, e música pra curtir. na cozinha lavando louça, ou na pia de lavar roupa. música pra cantar no chuveiro, e ser feliz por inteiro. música todo dia e toda hora. pra marcar e pra embalar. pra ninar e pra amar. madonna também estava certa. music makes the people come together, music mix the bourgeoisie and the rebel.



ainda faltam muitos retalhos, ou vocês acharam que eu me resumiria assim? 



9.12.2010

don't you turn your back on love

'desculpe o auê, eu não queria magoar você, foi ciúme sim'. 

baby, quando o assunto é você, eu não sei  agir como adulta sem drama, melhor, meu juízo vai pros pés, quando se trata de nós dois. ontem tu me telefonou cedo da noite pra dizer que me ama, e desligou antes que eu pudesse dizer 'eu também'. todas as minhas lágrimas ficaram engasgadas e eu quase sufoquei. pra aliviar a angústia, fui a procura de bares amigos,  e , obviamente, bebi até esquecer a definição de dignidade. até aí, nenhuma novidade. a novidade foi te encontrar à vontade, aos beijos e abraços, com qualquer-garota-qualquer. aí ja viu, crazy feelings ativar. perdi a cabeça totalmente. voltei pra casa encharcada de cerveja e com os olhos lavados de lágrimas com gosto de rímel, e agora, num momento total rêbordosa feelings  eu me pergunto: porque tu ainda me procura - e me acha - sempre que me perco propositadamente de ti? e porque eu sempre estou lá? porque tu não me dá  todo teu querer, e nem aceita o meu, que é tão teu, tão teu e tão teu? porque eu não entendo nada quando se trata de ti? cara, faz tanto tempo que tu desorganiza minha vida, que nem sei mais se estou sã. tu diz que se a gente for par, o amor vai se gastar. só que eu cansei desse amor maçã de raul seixas, e sonho com o dia que me livrarei da certeza histérica de te amar. cansei dos adjetivos insana-impulsiva-compulsiva-mané-cafona-romântica-banana, e se não for pra ficar, nem precisa voltar. 






 amor de todo dia e escovas de dentes juntas, is new black.

9.09.2010

walk away

hoje nos transformamos em passado antes de sermos futuro. nos perdemos no caos da desordem sem nexo e escoamos no ralo da mesmice. é foda e tal, mas aconteceu com a gente. eu avisei antes, que amar a prestação não dá, mas tu não quis ouvir. então não fique com cara de banana, agora. eu te disse que me amar era como ter um Rolls Royce: se você não quiser ter que pagar o preço da manutenção, mude para um passat. agora me faz um favor, vai embora, e leve seus trapos. não se preocupe, não vou te cobrar pelo estrago. por favor, não demora pra ir, preciso de tempo pra juntar meus cacos. é que eu não sou feita de pedaços, não nasci pra ser metade. pode voltar a tua vida racional e sem graça. realismo my ass. eu quero é fazer amor no banco de trás do carro ouvindo  Led. i'm gonna give you my love,wanna whole lotta love. contigo minha vida era só amor de colchão. tediosa, vazia e cheia de solidão. enquanto eu apostava meu coração, tu contava moedas pra comprar emoção. não se pergunte mais onde errou querido, porque a resposta é fácil: você não soube me amar, tititititi, blablablabla. deu game over pra nós dois. I love the sound of you walking away.










9.07.2010

haja paciência

sabe aquela sensação de que enquanto mais a gente tenta relaxar mais a gente sente a pressão aumentar? pois é. ando sem um pingo de paciência, tentando concentrar mais energia no trabalho e nos estudos. tem me faltado perseverança, eu sei. preciso repensar minhas idéias. dinamizar meus projetos. potencializar meus impulsos de renovação. estudar novas estratégias para ficar rica. conviver com mais criatividade. estudar mais. ler mais. viajar mais. espantar essa inércia mental. dá um basta nessa estagnação tediosa! virar o mundo do avesso, sei lá,  é  que tá tudo tão sem romance, e sem romance, pra mim não dá. o trabalho tá sem graça, e na esfera afetiva as coisas estão devagar quase batendo o motor né? haja paciência. já segui conselho até de horóscopo. mirei na minha vida profissional, busquei novos caminhos e oportunidades. esqueci essa história de relationchip e me joguei nas diversões fáceis e sem futuro. me deliciei com coisas belas e sujas e abraçei todos os bueiros que me ofereceram afeto. relativizei todos meus problemas, e quando a mulherzice começa eu penso: o que são meus problemas diantes de tantas mazelas sociais? minha vida é linda, eu posso usar mini saia, dançar até o chão, beijar um cara que mal conheço, beber até ficar moderadamente insensata, enquanto as mulçumanas usam burca e são oprimidas pelos maridos. porque estou reclamando? enquanto crianças passam fome no camboja, eu como sushi vendo salt, novo filme da jolie. é, a coisa tá assim, bem dramática. eu tentando me transformar num ser humano mais altruísta, e feliz de fato, sem ninguém pra amar. todas as noites durmo de costela com meu poodle chico, ouvindo janis joplin cantar woman left lonely. e pra não cansar mudo pra versão da cat power. eu não estou deprimida, estou apenas sem paciência pra  solidão, sem paciência pra muito trabalho e pouca grana, e mais ainda pra girls just wanna have fun. meu sonho agora era herdar uma fortuna inimaginável, trabalhar só por prazer, adotar um cabojano, e ter alguém lindo que nem elvis cantando pra mim, bem no pézinho do ouvido, love me tender. love me sweet. never let me go.

estou cansada de estar cansada de esperar o novo.

9.05.2010

start with you

começa com você, um movimento para quem gosta do mundo do jeito que ele não está. 

o mundo nunca foi perfeito. mas verdade seja dita: nos últimos tempos ele piorado bastante. só restam 7% da mata atlântica. anualmente, dois milhões de pessoas morrem por efeitos da poluição no mundo e nosso lixo lota 53 maracanãs. não se trata de ativismo ecochato. mas sim de sobrevivência. e para quem acha que os incomodados deveriam se mudar, a noticia ruim é que não tem pra onde ir. na falta de outro planeta cabe a nós mudarmos o mundo - tentar pelo menos. achou complicado? é menos do que parece. comece pelo mais simples. compre menos comida, 1/3 de tudo que compramos vai pro lixo. não jogue óleo no ralo da cozinha. 1 litro de óleo polui mais de 25 mil litros de água. use ecobags, as mais simples custam na faixa de dois  a três reais, e ainda é uma sacola super bacana. algumas são bem estilosas, porém mais caras. o importante é diminuir o uso das sacolas de plástico, e se for usar, use as pretas feitas de material reciclado. as sacolas plásticas também podem ser recicladas e virar plástico para brinquedos, material de construção ou outras sacolas, então lave cada uma e separe para despachá-las na coleta seletiva. é bizarro a quantidade de animais que morrem ingerindo sacos plásticos. são cerca de 200 diferentes espécies de vida marinha, incluindo baleias, golfinhos, focas e tartarugas.

de vez em quando saia de bicicleta ao invés de sair de carro, se 20 pessoas em cada estado fizessem isso seriam 104 toneladas de CO2 a menos no ar por ano.  e desligando o computador à noite, tu economiza milhões em geração de energia. então não tá usando o pc, desliga né? parece bem chato, mas enquanto mais pessoas pensarem da mesma forma, o mundo pode melhorar bastante. são pequenas atitudes que fazem a diferença. porque quando tu começa, tu não é apenas mais um, tu é um a mais. e quando muitas pessoas sonham o mesmo sonho, este é o primeiro passo para torná-lo uma realidade. gerações de sonhadores acabaram com guerras, mudaram a política, lutaram por menos desigualdade social e racial, e provaram que é possível mudar o mundo. agora chegou a nossa vez. visitem o site SWU, e saibam mais sobre esse movimento de conscientização em prol da sustentabilidade.
parte do texto foi retirado da revista rolling stone - que é uma das apoiadoras do projeto.
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love will tear us apart

mon cher, tu demorou, mas voltou, e mais uma vez dançamos juntos  ao som de joy division no mercê. tudo igualzinho. nossas músicas, nossas cores, e nossos cheiros. nada mudou. continuamos os mesmos vadios de corações alados à procura de algo que diminua a solidão. a cause des garçons, fazemos maluquices. somos iguais. savoir-vivre. a gente sabe muito bem ma vie. ô se sabe. e mais uma dose, é claro. a gente está sempre afim. seria mesmo bom se as nossas noites nunca tivessem fim. vou sentir  tanta saudade meu amigo, meu melhor amigo, minha melhor pessoa, meu vadio favorito, my number one guy. vá, mas vê se não demore pra voltar, porque a saudade não mata não, mas dóóóóói demaaaaais.

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