Maybe...
Oh, if I could pray, and I try, dear,
You might come back home, home to me.
Janis Joplin
hoje ela sentiu o cheiro deles. acho que foi o cheiro de café e chuva. lembrou-se de quando varria a varanda pra colocar as xicaras de café e a vitrola no chão, pra poder namorar na rede enquanto ouviam o disco da janis. eles gostavam de olhar a chuva e com os dedos entrelaçados faziam tolas juras de amor. um dia até fizeram amor na rede, e no depois fumaram e escolheram o nome dos filhos - Tarsila e Caetano - a menina pareceria com ele, e teria um jeito despreocupado e leve, e o menino teria o comportamento ansioso e inquieto dela.
ela não economizava no amor. e ele achava gostoso ver tantos desejos refletidos no olhar dela.
- ela olhou a chuva e se embrulhou de lágrimas ao perceber que ainda o amava.
é que eles vivam tendo fases de berros, ciúmes, silêncios abismais, chutes em móveis, pratos quebrados, e muito choro. numa dessas fases, passaram um tempo separados e voltaram. 'ela havia mudado e ele também'. ledo engano! voltaram com a doçura dos culpados, que é tão artificial como aspartame. continuavam os mesmos ciumentos e inseguros.
eles se amavam demais, mas não sabiam como ser dois. por vezes ela o odiava e berrava pelos motivos mais tolos. ela não sabia ser diferente, e só conseguia amar de uma forma dramática. e ele estranhamente amava esse jeito dela. ele a achava incrivel, e sempre pensava que ela poderia estar com outra pessoa, mas era com ele que ela estava. o amor deles era simultaneamente simples e confuso. ele não tinha controle sobre ela e isso o enlouquecia. ele sempre dizia que dava trabalho ama-la porque ela era indiscreta, teimosa e cheia de manias. ele brigava porque ela deixava calcinhas no box e isso o deixava profundamente irritado, no entanto ele completava dizendo que ama-la era como ter um Rolls Royce: se você não quiser ter que pagar o preço da manutenção, mude para um Passat. o que fazia os dois sairem da linha era o excesso de tudo. excesso de amor, de sexo, de orgulho, de paixão, de ciúme, de saudade. ele não conseguiam ser compassivos, e se amavam como dois narcisistas. eles diziam que tinham sido contemplados com um amor tresloucado. e assim se consumiam de forma intensa. eles se sentiam presos nessa necessidade insana um do outro e não mascaravam seu medos, nem defeitos e nem desejos.
e agora ela chora por ter mandado ele embora. ela não consegue se acostumar com tanta ausência. não consegue se acostumar com essa dor dilacerante por não ter mais beijos e nem abraços nos milésimos segundos antes de dormir. chora por não conseguir remover essa saudade como se fosse um esmalte velho. ela chora por não conseguir abandonar de vez esse amor. ela chora pela sua rotina ter sido quebrada bruscamente, e por parecer que ela está em descompasso com o universo. ela não quer mais esse orgulho que a impede de ser feliz. ela quer de volta as tardes de domingo com ele no cinema. ela quer de volta os pequenos gestos de amor. ela quer acordar, e ver que foi tudo um sonho, e que ele está ali novamente, colocando o disco da janis na vitrola pra ouvir, enquanto faz café pra dois, como sempre fazia.
o cheiro de chuva e café a fez se dar conta de que enquanto houver amor pra recomeçar, ela sempre vai estar pronta, caso ele queira voltar, e assim eles podem voltar a se amar, como dois loucos narcisistas apaixonados que sempre foram, e que no fundo, era assim que gostavam de ser.
Maybe, maybe, maybe, maybe, dear,
I guess I might have done something wrong
Honey, I'd be glad to admit it
Ooh, come on home to me!
Honey, maybe, maybe, maybe, maybe...
You might come back home, home to me.
Janis Joplin
hoje ela sentiu o cheiro deles. acho que foi o cheiro de café e chuva. lembrou-se de quando varria a varanda pra colocar as xicaras de café e a vitrola no chão, pra poder namorar na rede enquanto ouviam o disco da janis. eles gostavam de olhar a chuva e com os dedos entrelaçados faziam tolas juras de amor. um dia até fizeram amor na rede, e no depois fumaram e escolheram o nome dos filhos - Tarsila e Caetano - a menina pareceria com ele, e teria um jeito despreocupado e leve, e o menino teria o comportamento ansioso e inquieto dela.
ela não economizava no amor. e ele achava gostoso ver tantos desejos refletidos no olhar dela.
- ela olhou a chuva e se embrulhou de lágrimas ao perceber que ainda o amava.
é que eles vivam tendo fases de berros, ciúmes, silêncios abismais, chutes em móveis, pratos quebrados, e muito choro. numa dessas fases, passaram um tempo separados e voltaram. 'ela havia mudado e ele também'. ledo engano! voltaram com a doçura dos culpados, que é tão artificial como aspartame. continuavam os mesmos ciumentos e inseguros.
eles se amavam demais, mas não sabiam como ser dois. por vezes ela o odiava e berrava pelos motivos mais tolos. ela não sabia ser diferente, e só conseguia amar de uma forma dramática. e ele estranhamente amava esse jeito dela. ele a achava incrivel, e sempre pensava que ela poderia estar com outra pessoa, mas era com ele que ela estava. o amor deles era simultaneamente simples e confuso. ele não tinha controle sobre ela e isso o enlouquecia. ele sempre dizia que dava trabalho ama-la porque ela era indiscreta, teimosa e cheia de manias. ele brigava porque ela deixava calcinhas no box e isso o deixava profundamente irritado, no entanto ele completava dizendo que ama-la era como ter um Rolls Royce: se você não quiser ter que pagar o preço da manutenção, mude para um Passat. o que fazia os dois sairem da linha era o excesso de tudo. excesso de amor, de sexo, de orgulho, de paixão, de ciúme, de saudade. ele não conseguiam ser compassivos, e se amavam como dois narcisistas. eles diziam que tinham sido contemplados com um amor tresloucado. e assim se consumiam de forma intensa. eles se sentiam presos nessa necessidade insana um do outro e não mascaravam seu medos, nem defeitos e nem desejos.
e agora ela chora por ter mandado ele embora. ela não consegue se acostumar com tanta ausência. não consegue se acostumar com essa dor dilacerante por não ter mais beijos e nem abraços nos milésimos segundos antes de dormir. chora por não conseguir remover essa saudade como se fosse um esmalte velho. ela chora por não conseguir abandonar de vez esse amor. ela chora pela sua rotina ter sido quebrada bruscamente, e por parecer que ela está em descompasso com o universo. ela não quer mais esse orgulho que a impede de ser feliz. ela quer de volta as tardes de domingo com ele no cinema. ela quer de volta os pequenos gestos de amor. ela quer acordar, e ver que foi tudo um sonho, e que ele está ali novamente, colocando o disco da janis na vitrola pra ouvir, enquanto faz café pra dois, como sempre fazia.
o cheiro de chuva e café a fez se dar conta de que enquanto houver amor pra recomeçar, ela sempre vai estar pronta, caso ele queira voltar, e assim eles podem voltar a se amar, como dois loucos narcisistas apaixonados que sempre foram, e que no fundo, era assim que gostavam de ser.
Maybe, maybe, maybe, maybe, dear,
I guess I might have done something wrong
Honey, I'd be glad to admit it
Ooh, come on home to me!
Honey, maybe, maybe, maybe, maybe...
acho que ela vai esperar, enquanto houver amor.
ResponderExcluir".. Dava trabalho amá-la"
ResponderExcluirPor muitas vezes ouvi isso.
Que relação bonita, a descrita. Ao terminar a leitura senti saudade do que eu tinha.
Mas, essa disponibilidade, essa espera do outro pode ser tempo perdido.
Às vezes eles não voltam.
Um luxo, o texto.
beijo
texto cheio de amor, com agulhas de dor,
ResponderExcluirsaudade para ter vontade, triste para sentir o que é felicidade.
Grande abraço! Moça que Dança!
Sem palavras para descrever o que senti ao ler esse texto! Era como se tivesse revivendo minha história!
ResponderExcluirParabéns por tanta sensibilidade!
Beijos!!
Saudades dói demais. :S Mas esse texto ficou lindo *-*
ResponderExcluirquando se tem amor demais...o resto..ah o resto é nada!
ResponderExcluirquando se tem amor demais, a dor se torna cada vez pior
ResponderExcluirlindo o texto!
"Desejo.. que vc tenha a quem amar, e quanto estiver bem cansado.. ainda exista amor pra recomçar..."
ResponderExcluirLindo o texto..
Mas tá faltando os finais felizes heim...
;)
Bjos
ah, o amor...
ResponderExcluirum punhado de suspiros...
AMEI esse texto, não sei se essa é uma boa forma pra descrever o que senti ao ler.
ResponderExcluirAcho que me identifiquei demais;
e isso me deixou em nostalgia. poxa!
lendo o q tu escreve, entendo o que aconteceu comigo...
ResponderExcluiresse vazio dói tanto...
Amor narcizista, desse eu entendo viu.
ResponderExcluirDoeu ler.
ResponderExcluirMas porra, lindo mesmo
Oh céus!
ResponderExcluirMeus olhos encheram d'água enquanto ia lendo
Saudade dói.
Mas, pelo menos no meu caso, tento sempre lembrar que é a falta que faz a gente querer mais e mais a pessoa que amamos.
Amei o texto.
Beijo, moça!
Poxa vida, cara. Não dancei, porque fiquei totalmente sem ação dessa vez.
ResponderExcluirFoi lindo de ler. Disse tanta coisa profunda que mexeu comigo..
meu trecho favorito (que é até pecado classificá-lo assim, já que o texto inteiro foi intenso)..
''
é que eles tiveram uma fase de berros, ciúmes, silêncios abismais, chutes em móveis, pratos quebrados, e muito choro. passaram um tempo separados e voltaram. ela havia mudado e ele também. ledo engano! voltaram com a doçura dos culpados, que é tão artificial como aspartame. continuavam os mesmos ciumentos e inseguros. ''
- ela olhou a chuva e se embrulhou de lágrimas ao perceber que ainda o amava.
ResponderExcluirquantaa levezaaa *-*
é você?
ResponderExcluirporque se for, acho que eu sou pouco você também.
adoro janis. e nosso filho iria se chamar Francisco... se fosse menina seria Clarice. ainda dói.
principalmente outro, especialmente no dia 22, dói mais.
um beijo.
Mais um texto que vou twittar.Pra arrebentar o coração II,a revanche de Jedai.
ResponderExcluirTexto perfeito....lindo!
ResponderExcluirAssim, como o outro, senti uma vontade de chorar...
Vivo um namoro de longas datas, e tanta coisa me passou pela cabeça...
Brigada! (mesmo sem saber o quanto faz bem suas palavras).
p.s. Pergunta (retórica) que não quer calar: Inspiração sua?
Un gusto inmenso conocer tu blog.. me ha gustado mucho. acogedor y maravillosos, te sigo para poder leerte con mas frecuencia.
ResponderExcluirUn abrazo
Con mis Saludos fraternos...