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ela caminhava pelas ruas usando um vestido de algodão, que o vento teimava em levantar. caminhava a bordo de seu largo sorriso, fotografando tudo e todos que encantavam seu olhar. fotografou de longe o casal de velhinhos sentados num café de esquina ao ar livre. fotografou um taxista de visual chic que abria a porta pra moça bonita entrar. se encantou com um grupo de amigos que tomava sorvete e sorria. fotografou o vento, o céu, o chão. ela tinha paixão pelas imagens, pelos momentos que ficavam guardados, e pelas lembranças que as fotografias traziam. e enquanto ela tentava enquadrar um desses momentos ele surge do nada, e ela se atrapalha toda, coitada. ele nem era tão belo, não era nem alto nem baixo, tinha cabelos cacheados e escuros, tinha uns olhos castanhos amendoados, vestia uma camiseta do Bob Dylan, jeans, tenis, e fumava um cigarro forte. mas mesmo sendo assim tão simples, ele desencandeou nela uma mistura de calor, frio, palpitação, tremor, arrepio, e quase a fez desmaiar. ela o fotografou de longe, e ele viu e sorriu, ela ficou subitamente ruborizada, mas sorriu de volta. ele se aproximou, e ela com seus gestos espontâneos agiu feito criança. ele se encantou com seus sorrisos constantes e sentiu vontade de comer as maçãs do rosto dela, de tão rosadas que ficavam. eles caminharam juntos, e conversaram sobre a vida. combinaram de não falar seus nomes. ele a chamaria de maçã e ela o chamaria de dylan, por causa da camiseta. tomaram café e falaram sobre música. ela contou das suas manias de colecionar discos, e ele contou que adorava gibis de super-heróis. eles sorriram de tanta bobagem. ela fotografou cada risada e cada gesto. contou a ele que gostava de sorvete de flocos com batata frita, e ele achou estranho, mas também achou encantador uma garota assumir todas as suas fragilidades assim, sem medo. falaram de suas comidas preferidas e até de temperos, e os dois amavam manjericão, vejam só que tolice. conversaram sobre solidão e tomaram mais café. ele acendeu dois cigarros - uma pra ele outro pra ela - sentaram num banco de praça e fumaram. já era noite, e eles nem viram o tempo passar. ele, com aquele ar de bom moço com um 'quê' de mistério, a convidou pra ir a casa dele. ela até quis dizer não, mas seu corpo e seu coração só diziam sim, e ela foi. quando chegaram, ele a levou pra varanda, e como que num impulso eles se olharam e se beijaram por quase 2 minutos. depois se olharam e sentiram seus corpos esquentarem, e ali mesmo, entre almofadas, e flores, fizeram amor devagar e com extrema ternura. o cenário era perfeito, e ele quase perfeito. no depois, ele a beijou, e levantou-se, depois de uns poucos minutos voltou com suco de morango e alguns gibis, deitou-se ao lado dela e os dois leram e sorriram juntos. falaram de filmes interessantes e personagens emocionantes. ele fez planos, e disse que a queria assim, todos os dias. se descobriam cada vez mais um no outro a cada segundo. e tudo que parecia mero acaso, se tornava cada vez mais um obra dos anjos. ele cantou desafinado uma canção de chico, enquanto ela fazia travessuras com as mãos pelo corpo dele. de repente uma chuva passageira começou e interrompeu aquele cenário quase-filme. levantaram-se depressa e ele a levou pro quarto. e numa brincadeira de amantes, se beijaram com exigência e força, bem diferente dos primeiros beijos. ele murmurou doces obcenidades e ela entrou no jogo, e desta vez treparam. no depois, ficaram alguns minutos exaustos na cama, imóveis, satisfeitos. então se abraçaram e ele disse num sussurro 'engraçado, sinto-me tão inteiro'. e ela pensou consigo mesma 'eu vou sentir sua falta'. então dormiram. logo cedinho, ela acordou antes dele, foi até a sala, rasgou uma página de uma agenda velha e escreveu um bilhete, que mais parecia uma carta:
'Dylan,
confesso que esse foi o melhor dia da minha vida, foi como se tivesse sido um sonho, e eu o vivi. eu não sei se encontrarei outra pessoa no mundo com um cheiro como o teu. nem parecido, eu sei disso. você é único. e pra ser franca, isso tudo me assusta. é, eu tenho medo. eu não quero te perder, então te deixo antes que você me conheça de verdade. não quero se canse de mim. não quero sentir ciúmes de você, porque eu me conheço, eu sentiria muito. e você me veria como eu sou. ciumenta e insegura. um tanto indecisa e cheia de medos. quando julgo estar certa sou arrogante, falo demais e brigo. e não quero que algo tão bom assim, se transforme na rotina do dia-a-dia. foi o acaso me levou a você, e por mero descaso eu fujo dele. teu nome ainda é secreto, o que foi melhor pra mim, pois só assim não vou te procurar e querer morrer por não te encontrar. você foi a brincadeira mais séria que me aconteceu, e nunca vou esquecer que seus olhos quase fecham quando você sorri, e nas suas buchechas formam as covinhas mais lindas que eu já vi. vou guardar sempre a lembrança de cada minuto que passamos juntos, e que o tempo fez passar devagar conspirando ao nosso favor. ah, o teu suco de morango foi o melhor que já tomei, e desculpa ter derramado ele em você, são esses desastres que com o tempo iam acabar te irritando, e minha mania deixar coisas espalhadas pela casa também. é que tenho muitos defeitos, e no começo sei que você ia amar, mas depois seriam detalhes irritantes, eu sei disso, é sempre assim. e por isso quero que sejamos esse dia perfeito, pra sempre. quero que guarde na sua memória todas as imagens do nosso melhor e único dia. sei que posso estar sendo egoísta, mas quero te pedir um favor: você poderia me guardar como sua melhor saudade? é só isso que quero ser pra você, porque é isso que você sempre será pra mim, a saudade que eu sempre vou gostar de ter...
ela caminhava pelas ruas usando um vestido de algodão, que o vento teimava em levantar. caminhava a bordo de seu largo sorriso, fotografando tudo e todos que encantavam seu olhar. fotografou de longe o casal de velhinhos sentados num café de esquina ao ar livre. fotografou um taxista de visual chic que abria a porta pra moça bonita entrar. se encantou com um grupo de amigos que tomava sorvete e sorria. fotografou o vento, o céu, o chão. ela tinha paixão pelas imagens, pelos momentos que ficavam guardados, e pelas lembranças que as fotografias traziam. e enquanto ela tentava enquadrar um desses momentos ele surge do nada, e ela se atrapalha toda, coitada. ele nem era tão belo, não era nem alto nem baixo, tinha cabelos cacheados e escuros, tinha uns olhos castanhos amendoados, vestia uma camiseta do Bob Dylan, jeans, tenis, e fumava um cigarro forte. mas mesmo sendo assim tão simples, ele desencandeou nela uma mistura de calor, frio, palpitação, tremor, arrepio, e quase a fez desmaiar. ela o fotografou de longe, e ele viu e sorriu, ela ficou subitamente ruborizada, mas sorriu de volta. ele se aproximou, e ela com seus gestos espontâneos agiu feito criança. ele se encantou com seus sorrisos constantes e sentiu vontade de comer as maçãs do rosto dela, de tão rosadas que ficavam. eles caminharam juntos, e conversaram sobre a vida. combinaram de não falar seus nomes. ele a chamaria de maçã e ela o chamaria de dylan, por causa da camiseta. tomaram café e falaram sobre música. ela contou das suas manias de colecionar discos, e ele contou que adorava gibis de super-heróis. eles sorriram de tanta bobagem. ela fotografou cada risada e cada gesto. contou a ele que gostava de sorvete de flocos com batata frita, e ele achou estranho, mas também achou encantador uma garota assumir todas as suas fragilidades assim, sem medo. falaram de suas comidas preferidas e até de temperos, e os dois amavam manjericão, vejam só que tolice. conversaram sobre solidão e tomaram mais café. ele acendeu dois cigarros - uma pra ele outro pra ela - sentaram num banco de praça e fumaram. já era noite, e eles nem viram o tempo passar. ele, com aquele ar de bom moço com um 'quê' de mistério, a convidou pra ir a casa dele. ela até quis dizer não, mas seu corpo e seu coração só diziam sim, e ela foi. quando chegaram, ele a levou pra varanda, e como que num impulso eles se olharam e se beijaram por quase 2 minutos. depois se olharam e sentiram seus corpos esquentarem, e ali mesmo, entre almofadas, e flores, fizeram amor devagar e com extrema ternura. o cenário era perfeito, e ele quase perfeito. no depois, ele a beijou, e levantou-se, depois de uns poucos minutos voltou com suco de morango e alguns gibis, deitou-se ao lado dela e os dois leram e sorriram juntos. falaram de filmes interessantes e personagens emocionantes. ele fez planos, e disse que a queria assim, todos os dias. se descobriam cada vez mais um no outro a cada segundo. e tudo que parecia mero acaso, se tornava cada vez mais um obra dos anjos. ele cantou desafinado uma canção de chico, enquanto ela fazia travessuras com as mãos pelo corpo dele. de repente uma chuva passageira começou e interrompeu aquele cenário quase-filme. levantaram-se depressa e ele a levou pro quarto. e numa brincadeira de amantes, se beijaram com exigência e força, bem diferente dos primeiros beijos. ele murmurou doces obcenidades e ela entrou no jogo, e desta vez treparam. no depois, ficaram alguns minutos exaustos na cama, imóveis, satisfeitos. então se abraçaram e ele disse num sussurro 'engraçado, sinto-me tão inteiro'. e ela pensou consigo mesma 'eu vou sentir sua falta'. então dormiram. logo cedinho, ela acordou antes dele, foi até a sala, rasgou uma página de uma agenda velha e escreveu um bilhete, que mais parecia uma carta:
'Dylan,
confesso que esse foi o melhor dia da minha vida, foi como se tivesse sido um sonho, e eu o vivi. eu não sei se encontrarei outra pessoa no mundo com um cheiro como o teu. nem parecido, eu sei disso. você é único. e pra ser franca, isso tudo me assusta. é, eu tenho medo. eu não quero te perder, então te deixo antes que você me conheça de verdade. não quero se canse de mim. não quero sentir ciúmes de você, porque eu me conheço, eu sentiria muito. e você me veria como eu sou. ciumenta e insegura. um tanto indecisa e cheia de medos. quando julgo estar certa sou arrogante, falo demais e brigo. e não quero que algo tão bom assim, se transforme na rotina do dia-a-dia. foi o acaso me levou a você, e por mero descaso eu fujo dele. teu nome ainda é secreto, o que foi melhor pra mim, pois só assim não vou te procurar e querer morrer por não te encontrar. você foi a brincadeira mais séria que me aconteceu, e nunca vou esquecer que seus olhos quase fecham quando você sorri, e nas suas buchechas formam as covinhas mais lindas que eu já vi. vou guardar sempre a lembrança de cada minuto que passamos juntos, e que o tempo fez passar devagar conspirando ao nosso favor. ah, o teu suco de morango foi o melhor que já tomei, e desculpa ter derramado ele em você, são esses desastres que com o tempo iam acabar te irritando, e minha mania deixar coisas espalhadas pela casa também. é que tenho muitos defeitos, e no começo sei que você ia amar, mas depois seriam detalhes irritantes, eu sei disso, é sempre assim. e por isso quero que sejamos esse dia perfeito, pra sempre. quero que guarde na sua memória todas as imagens do nosso melhor e único dia. sei que posso estar sendo egoísta, mas quero te pedir um favor: você poderia me guardar como sua melhor saudade? é só isso que quero ser pra você, porque é isso que você sempre será pra mim, a saudade que eu sempre vou gostar de ter...
...vou carregar você comigo, vou carregar no meu coração'
e em passos leves, ela foi até o quarto, o olhou com com saudade antecipada, colocou no criado mudo da cama o bilhete junto com uma foto deles dois, e foi embora...e ele continuou dormindo, talvez sonhando com o café que ia fazer pra dois...
[continua...]
'tenho do medo do medo que dá
medo de perder a rédea
medo de ficar de sem rumo
o medo é uma casa onde ninguém vai
o medo é um laço que se aperta em nós'
"você poderia me guardar como sua melhor saudade? é só isso que quero ser pra você, porque é isso que você sempre será pra mim, a saudade, que eu sempre vou gostar de ter..."
ResponderExcluirAcho que sinto essa saudade de alguem, juro!
Belissimo texto amiga..serio mesmo!
;p~
Filme em mim.
ResponderExcluirescreves de forma minuciosamente linda*
ResponderExcluirdescrevendo sentimento por entre as tuas linhas
passou filmes de várias cores e tons na minha
cabeça dura'
beijos flor.
Irreal pra mim. Mas, bem que eu queria vivenciar uma situação similar.
ResponderExcluirUm romance poderia surgir dai, um livro.
Você leva muito jeito e sabe como ninguém "desenrolar" e inserir atrativos ao textos.
Essa mulher da história é uma corajosa, primeiro por ir a casa de um desconhecido, depois, por transar com ele, e por ultimo, por ter gostado muito dele preferiu partir sem deixar rastros..
Só a carta, belíssima.
Mais uma vez foi lindo ler você.
E como diz um amigo, quase um prazer sexual.
Beijos!
quero fazer igual ela, sair pela cidade e fotografar tudo o que vejo '-'
ResponderExcluirjá tô ansiosa pela continuação.
sou tão apaixonada por contos assim, românticos :)
beeijas luna ;*
ah que lindo *-* chorei com o final /
ResponderExcluircontinua continua logo *-*
como você pode escrever assim, tão apaixonantemente lindo ? xD~
e vem de um jeito que nunca imaginamos...
ResponderExcluirComo sempre otimo ler aqui,
belo texto! Grande abraço moça que Dança!
Belo texto! merece continuação!
ResponderExcluirbeijos
Quanta ponderação e previsão de sentimentos.
ResponderExcluirrealmente impressionante.
Uma pessoa me disse, certa vez: não esconda seus sentimentos atrás da razao, pelo medo da dor. Entrega-se e viva, porque vida sem sentimentos e realismo,não é vida.
Muito bom,cada vez mais me surpreendo!
ResponderExcluirEsse é o tipo de coisa que eu quero muito viver :)
estava conversando com a menina misterios sobre medo.. mas deixa pra lá
ResponderExcluirtenho uum texto sobre ele no meu blog jha..
adorei o conto.. quero saber o fimm!!!
amei a maa, os passos leves... o quartooo continua logo
bjinhus, contos e medos
Lelli
Tem que ter muita coragem para entrar de cabeça assim e deixar quem é importante ir embora. Infelizmente esse tipo de altruísmo muitas vezes é reconhecido como covardia e egoísmo. Tomara que Dylan tenha a sensibilidade que inspirou a maçã.
ResponderExcluirhahahahahahha não se culpe! Melhor responder do que deixar no vácuo. Como dizia um beatnik (sei la qual) o silencio é igual diamante, corta tudo. (ou algo parecido com isso hehehe)
ResponderExcluirAi, dancei uma valsa linda e doce agora.
ResponderExcluirVocê, Luna, me arrancou vários suspiros enquanto lia isso aqui.
lindo.
Te deixo um beijo :*
Ha vá! Agora que ficou engraçado vc para???? heheheh brincadeira. Valeu por corrigir a citação.
ResponderExcluirSeria um trecho de livro, teu?
ResponderExcluirGostei. É dança suave, essa tua.
Hahahahahahahahahahahah! (rindo alto e todo mundo do estudio olhando)
ResponderExcluirSim.
ResponderExcluirPode roubar, coisa fofa. :)
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ResponderExcluirfiz um filme!
a gente devia era de aprender a deixar o medo de lado e se estampar de coragem...
beijocas dona moça!
.
vai lá no meu perfil e pega meu e-mail, acho q dá pra conversar melhor né? bjs
ResponderExcluirSabe, estava antes de ler-te ouvindo a canção: você é a saudade que eu gosto de ter"... talvez por isso o texto tenha sido mais que li(n)do.
ResponderExcluirDe tudo o que desejei no fim foi que o texto não continuasse. Assim, a história ficava por aí...num final infinito, numa beleza eterna.
Meu beijo, moça.
E porque não deixar que todos os dias sejam assim?
ResponderExcluirO que falta? Poesia?
Lindo texto...
Lindo aqui.
ResponderExcluirVim através do blog da Lathife.
Amei mesmo.
Um blog chique, cool e interessante.
Um beijo
Faxina
Mais uma vez com os olhos molhados...
ResponderExcluirBonito texto.
E a carta me fez rever mentalmente todo um filme que vivi.
Beijo, Lu.
a convivência já matou histórias maravilhosas de amor. POrque não somos satifeitos com um momento perfeito, assim como foi esse encontro? As almas gêmeas, se existirem, não sobrevivem ao segundo encontro.
ResponderExcluirLindo.te juro um dos melhores textos que li aqui,tem amor da cabeça aos pés.
ResponderExcluire enquanto ela tentava enquadrar um desses momentos ele surge do nada, e ela se atrapalha toda, coitada. ele nem era tão belo...
ResponderExcluir[muitos momentos acontecem com pessoas assim, sem nada de especial e especialmente se tornam em nossos olhos]
ps: adorei o novo estilo do blog
Que lindo! Teus textos sempre me encantam, desde a forma como articula com as palavras até os pequenos detalhes que fazem grande diferença no desenrolar da história. Espero ler a continuação em breve (e rever maçã e Dylan juntos hahah) Beijos.
ResponderExcluirconcedo!
ResponderExcluirrs
as coisas por aqui são lindas. Vou linkar tbm.
perdão pela curiosidade, mas como vc me achou, nesse circulo imenso de blogspot?
hehehehehehe
um beijo!
Nossaaaaaa, amei amei amei.
ResponderExcluirEles merecem se conhecer. Sério
Vc escreve cada dia melhor, sabia?!
ResponderExcluirdispensa comentário! :O
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