Eu sempre fui diferente das outras crianças. Sempre meio confusa, meio controvérsia. Sempre tive muita energia, curiosidade e uma necessidade aparentemente infinita de saber o porque de tudo. Fui crescendo e ao invés de ir melhorando com a idade, fui ficando cada vez mais sem noção. Eu era tudo demais. Espontânea demais, transparente demais, desconcentrada demais, precoce demais, inconsequente demais. Era tanto que "excêntrica" era e ainda hoje é a palavra que alguns mais conservadores usam no lugar de "doida" pra explicar meu comportamento diferente das pessoas 'normais'. Tenho uma tia que diz que eu sou o Clodovil, com uma pitada a mais de Vil. É que eu sempre fui mesmo ansiosa demais, dramática mais, agressiva demais, impulsiva demais, apaixonada demais, falante demais, e totalmente sem limites pro exagero. Mas mesmo amando demais, eu também me cansava demais, e esquecia rapido demais. Então eu praticamente não sofria. Tinha uma séria compulsão por relacionamentos, passava dois meses namorando e amando loucamente, e depois enjoava, e engatava em outro namoro com a mesma intensidade. E eu ainda era uma menina perto de completar 18 anos!Sempre gostei de tudo ligado a arte, música e comunicação, não sei se isso tinha alguma relação com hiperativismo, mas eu me sentia feliz imaginando que eu seria algo como designer ou jornalista, ou atriz, ou os três! Talvez por serem dinânimos. E por conta dessa minha alma desassossegada, já quase entrando na fase adulta, me sentia extremamente angustiada por não saber lidar com essa ansiedade, essa vontade de fazer tudo, e essa mania de sentir tudo com tanta intensidade, e sendo ainda sentimentos tão meteóricos. Eu sempre soube que era hiperativa, mas nunca tinha percebido o quanto isso afetava minha vida. E foi quando um médico amigo me receitou um medicamento (tarja vermelha) que eleva seretonina e diminui a hiperatividade e ansiedade, que senti tudo mudar. Até hoje não sei se isso é psicológico, mas eu acho que melhorei mesmo e não me canso das coisas na velocidade da luz. Parei há muito tempo com os relacionamentos bizarros e exagerados. Não me sinto mais inaquedada socialmente e nem diferente quando estou num ambiente normal e familiar. Continuo com a mania de ter manias, e vivo mudando o corte do cabelo. Gosto de tatuagens, e sempre tive medo de me cansar facilmente quando fizesse uma. Já vou pra quarta e ainda continuo amando todas as outras, que por sinal são grandes e visíveis. Às vezes fico com a mente inquieta, mas eu sei o que fazer pra me acalmar (escrever aqui por exemplo). Agora tenho limites, e exagerar e fazer drama, só quando for pra fazer charme. E o melhor de tudo, termino tudo que começo, e consigo ter dois blogs! Palmas para mim! E palmas também para todos que me aguentam e me amam forte, todos merecem um prêmio, por terem paciência com meus rompantes, com minhas birras, e meu humor imprevisível. Hoje, eu não sofro de estresse, nem tristeza e nem baixa auto-estima. Eu sou feliz.
"I feel fine and I feel good I'm feeling like I never should Whenever I get this way, I just don't know what to say"
New Order.